terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Radiohead, The King Of Limbs






Radiohead
“The King Of Limbs”
auto-edição
3 / 5
Chegou como uma surpresa para muitos, anunciado há cerca de uma semana e lançado no sábado, por enquanto apenas em formato digital (mas desta vez a troco de uns trocos), a edição física estando anunciada para mais tarde, e sem uma grande editora associada, segundo um modelo que já tinham usado no anterior In Rainbows. Com o título The King Of Limbs, o oitavo álbum de originais dos Radiohead não só segue na forma de chegar aos nossos ouvidos os modelos usados no disco anterior como, de certa forma, nele encontra um ponto de partida para a expressão de uma certa lógica de continuidade. Estamos por isso novamente num terreno dominado pelas electrónicas, talhado numa filigrana de pequenos acontecimentos pensados com gosto pelo detalhe, o protagonismo das guitarras sendo cada vez mais uma distante memória da etapa de afirmação que o grupo viveu nos noventas. Porém, se o fabuloso dípticoKid A (de 2000, e ainda o melhor disco do grupo) e Amnesiac (2001) definiram uma mudança de orientação que vincava novos caminhos, mas sob a presença de uma suculenta ementa de canções, a verdade é que nos seus últimos discos temos encontrado nos Radiohead uma banda ainda firme nesse saudável gosto pela ousadia e pelo desafio, mas nem sempre secundadas por feitos no mesmo patamar quando chega a hora de dar forma às experiências. Um primeiro encontro com The King Of Limbs pode mesmo sugerir um momento de relativa desilusão. Mas vale a pena não desistir à primeira. Mesmo sendo certo que aqui não reencontramos ideias ao nível das que nos deram nesse duplo jogo de álbuns editados entre 2000 e 2001, o novo disco revela, pela habituação (e consequente descida do grau de expectativas), alguns momentos com interesse. Lotus Flower foi bem escolhido como single cartão-de-visita, o travo mais familiar de Little By Little sugerindo depois, juntamente com Morining Mr Mpontes para com ecos da etapa Kid A / Amnesiac. Codex revela mais sólida escrita, desta vez com o piano como protagonista, a voz por perto e as electrónicas por sonoplastia em volta... No resto do alinhamento, as ideias acontecem por entre estas mesmas cercanias, mas em canções de formas menos definidas (o que não é necessariamente mau, entenda-se) e, em alguns instantes, um tanto inconsequentes. Estamos por isso longe de ver em The King Of Limbs um álbum com peso determinante na obra do grupo. In Rainbows guarda a memória da forma como foi apresentado o seu programa de distribuição (cada qual pagando o que entendesse, mesmo que nada). Desta vez, sem o valor acrescentado desse contexto, ao álbum cabe o papel de ser apenas mais um entre o lote de títulos medianos que o grupo tem sucessivamente editado desde o díptico Kid A / Amnesiac.



Publicada por Nuno Galopim soundvision

1 comentário:

João Tavares disse...

Finalmente uma crítica minimamente decente e consistente ao disco! Excelente post também o teu por divulgares este texto! :)