quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

The End...

O meu primeiro post neste blogue foi em janeiro de 2005. Já lá vão quase 8 anos. Desde esse dia postei 1498 artigos que se dividiram, principalmente, entre música e cinema. O meu objetivo principal era contribuir para manter o mito dos The Doors . Com o passar dos anos comecei a fazer deste blogue apenas um "scrapbook" das coisas que gosto, visto que o tempo que tinha para escrever as minhas coisas era muito escasso. Agradeço ao meu círculo restrito de leitores por ainda irem passando por cá ao fim destes anos todos. Vou aproveitar o tempo para ouvir boa música... 
Assim como comecei... também termino com The Doors. Até à próxima!
Não se esqueçam "When all else fails, we can whip the horses eyes, And make them sleep, and cry"

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Scott Walker, Bish Bosch

Publicado em Sound+Vision
Scott Walker
'Bish Bosch'
4AD Records / Popstock
4 / 5
Há uma certa tendência, entre músicos veteranos de, a dada altura, mergulhar num regresso às origens. O back to basics, como habitualmente o descrevem os que falam inglês. Nada de errado nisso, tantos bons exemplos que podemos citar, do reencontro dos U2 com as linhas mais cruas dos seus primeiros tempos que em 2004 viveram emHow To Dismantle An Atomic Bomb; o regresso dos Rolling Stones à sua linguagem primordial em A Bigger Bang (2005); ou o tom abrasivo dos álbuns de inícios dos oitentas que os R.E.M. redescobriram em Accelerate (2008). Mas há quem recuse estes olhares para o retrovisor. E se há veterano que tem insistido em nunca voltar atrás, como que acreditando que o que foi não volta a ser, ele é Scott Walker. E agora, aos 69 anos de idade, e 45 depois do seu primeiro álbum a solo, apresenta emBish Bosch mais uma coleção de composições que o colocam mais perto das artes de vanguarda que das memórias do crooner de alma pop/rock que em finais dos anos 60 cantava Plastic Palace People ou versões de originais de Jacques Brel.
Longe, muito longe, do jovem que vestiu a pele de cantor teen na primeira geração dos Walker Brothers (em meados dos anos 60) e distante das baladas sumptuosas que nos apresentou, entre 1967 e 1969, em quatro álbuns que encetaram a sua carreira a solo (a que chamou Scott 1, 2, 3 e 4), Scott Walker mantém firme o desejo em trilhar caminhos de maior desafio que começou a lançar a si mesmo (e aos seus admiradores) ainda em finais dos anos 70 quando em Nite Flights apresentou o derradeiro álbum dos Walker Brothers. Caminho que aprofundou em Climate of Hunter(1984) e nos escassos momentos de reencontro com os discos que viveu desde então:Tilt (1995) e The Drift (2006).
Percussões insistentes abrem o alinhamento de Bish Bosch, um disco onde tanto explora o som de lâminas que se esfregam entre si (em Tar) como aprofunda o trabalho com a orquestra. Trabalho que, como ele explica, é feito em busca de ruídos, texturas e grandes pilares de som, em detrimento da mais frequente procura de arranjos de arrumação elegante. Num texto que encontramos no microsite que a 4AD criou para apresentar o álbum, o título é explicado como juntando uma alteração da palavra "bitch" com o apelido do pintor renascentista Hieronymous Bosch. E como aí bem observa Rob Young (editor da The Wire), a música de Scott Walker é feita de pequenos detalhes, acções e formas, tal e qual alguns dos quadros de Bosch.
Desafiando-nos a ouvir assim a sua música com disponibilidade para a ela regressar e aos poucos nela sentir pequenas obsessões e, assim, descobrir portas de entrada, que geram a descoberta e um progressivo entendimento. Em The Night The Conductor Died evoca a execução de Nicolae e Elena Ceausescu em 1989. A morte, a dor, são temas que passam entre composições assinadas por um reconhecido pessimista que vê as suas canções como seres com alma espiritual. E onde o cinismo não tem lugar.
Bish Bosch mantém firme a demanda por novas formas que ainda há seis anos reencontrávamos em The Drift, a sua estreia no catálogo da 4AD e promove uma vez mais novos modos de entender a canção que Scott Walker tem protagonizado nos últimos 30 anos. Um pouco como David Sylvian o tem feito depois de Blemish (2003), Scott Walker toma a linha vocal como um fio condutor narrativo, criando em seu redor uma noção de espaço e cenário. Há pontuais frestas de melodismo, mas é de sons, de texturas e acontecimentos que vive a alma desta música tão intrigante quanto cativante.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

«O Hobbit - Uma Viagem Inesperada» chega hoje aos cinemas



Nova aventura de Peter Jackson volta ao mundo de Tolkien, 60 anos antes da ação de «O Senhor dos Anéis»



Nova aventura de Peter Jackson volta ao mundo de Tolkien, 60 anos antes da ação de «O Senhor dos Anéis»

2012-12-13


«O Hobbit - Uma Viagem Inesperada», filme do realizador neozelandês Peter Jackson, a partir de uma obra do escritor J.R.R. Tolkien, estreia-se na quinta-feira em Portugal, escreve a agência Lusa.

Considerado um dos filmes mais aguardados do ano, com estreia garantida em 25 mil salas de cinema em todo o mundo, «O Hobbit - Uma Viagem Inesperada» é a primeira parte de uma nova trilogia que o realizador Peter Jackson projetou a partir de «O Hobbit», do escritor britânico John Ronald Reuel Tolkien.

Peter Jackson já tinha feito sucesso com a trilogia «O Senhor dos Anéis», apresentando no cinema todo um mundo imaginário de elfos, hobbits, ogres, orcs, anões, feiticeiros e humanos, habitantes da Terra Média.

Desta vez, o realizador foi ao primeiro livro que Tolkien escreveu precisamente para apresentar todo esse mundo fantástico, cuja história temporalmente acontece 60 anos antes do enredo de «O Senhor dos Anéis».

«O Hobbit - Uma Viagem Inesperada», rodado na Nova Zelândia, é protagonizado pelo ator Martin Freeman no papel do hobbit Bilbo Baggins, ao qual se juntam Ian McKellen, Elijah Wood, Andy Serkis, Cate Blanchett e Christopher Lee, todos eles do elenco da trilogia «O Senhor dos Anéis».

O filme, cujas segunda e terceira partes só estrearão em 2013 e 2014, tem ainda a particularidade de ter sido rodado em 3D e em 48 fotogramas por segundo, ou seja, o dobro do que é praticado no cinema desde o começo do século passado.

Quando o filme teve antestreia no final de novembro na Nova Zelândia, Peter Jackson justificou a mudança com uma vontade de se aproximar à realidade e fazer magia.

«Nós só queremos fazer com que a experiência de ir ao cinema se torne mais mágica e espetacular e que as pessoas regressem às salas de cinema», disse o realizador, referindo-se a toda uma geração de jovens que já vê filmes nos telemóveis e em tablets.

«O Hobbit» foi escrito em 1928 e a história terá surgido quando o escritor e professor John Ronald Reuel Tolkien corrigia testes dos seus alunos. Num dos exames, que tinha uma página em branco, Tolkien escreveu: «Num buraco no chão vivia um hobbit».

Só depois é que Tolkien escreveria a trilogia «Senhor dos Anéis», assim como as obras «As Aventuras de Tom Bombadil», «Contos Inacabados de Númeror e da Terra Média» e «Silmarillion».

Mais uma colaboração inesperada: Eddie Vedder, dos Pearl Jam, junta-se a Roger Waters


Vocalista da banda de Seattle juntará a sua voz à do ex-Pink Floyd em "Comfortably Numb", êxito da banda britânica. Será hoje à noite, no concerto de apoio às vítimas do furacão Sandy.
Depois da inesperada "reunião" dos Nirvana (isto é, Dave Grohl, Krist Novoselic e o último "recruta" da banda, em 1993, Pat Smear) com Paul McCartney, mais logo, no espetáculo 12.12.12 (cujos lucros reverterão para as vítimas do furacão Sandy), vem agora a lume que Eddie Vedder vai colaborar, no mesmo espetáculo, com Roger Waters, ex-baixista e vocalista dos Pink Floyd. 

O músico inglês disse-o ontem à noite no programa televisivo de Jimmy Fallon, levantando a ponta do véu sobre o que tem preparado para o espetáculo que terá início às 00h30 (hora portuguesa): "vamos fazer um pouco do The Wall e outro tanto do The Dark Side of the Moon , incluindo 'Money', 'Us and Them' e 'Comfortably Numb', esta com a ajuda de Eddie Vedder". 

Perante a reação efusiva de Fallon, Waters acrescentou: "sou grande fã do que ele [Vedder] faz, e somos amigos há algum tempo; vai ser óptimo tê-lo comigo". 

Na mesma entrevista, Waters - que em 2013 vai voltar à estrada com The Wall , agora em estádios - revelou também a intenção de gravar um novo álbum, o primeiro "disco rock" desde Amused to Death , lançado há já vinte anos. 

O concerto de beneficência 12.12.12 tem lugar hoje à noite no Madison Square Garden, em Nova Iorque, e - de acordo com a Rolling Stone - conta com a presença confirmada de Roger Waters (com Eddie Vedder), Rolling Stones, Nirvana (com Paul McCartney), Bruce Springsteen and the E Street Band, Eric Clapton, The Who, Kanye West, Billy Joel, Bon Jovi e Chris Martin (dos Coldplay). 

Veja aqui Roger Waters no programa de Jimmy Fallon, no canal norte-americano NBC:

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

John Grant returns with second album “Pale Green Ghosts”



Bella Union records are thrilled to announce the return of JOHN GRANT, whose second solo album Pale Green Ghosts will be released on Monday 11th March 2013.

After a breakthrough year that saw his exceptional solo debut “Queen Of Denmark” win MOJO’s Album of 2010 and countless other accolades, John Grant hasn’t rested on his laurels but created a follow-up that underlines his uncanny and charismatic talents. Recorded in Iceland and featuring Sinead O’Connor on guest vocals, the brilliant “Pale Green Ghosts” adds sublime notes of dark, gleaming electronica to the anticipated velveteen ballads, calling on all of Grant’s influences and tastes, presenting an artist at the peak of his powers…

John Grant has also just announced a headline show at London’s Heaven the week of release, the tickets of which go on-sale Friday morning.

Wednesday 13 March – LONDON – Heaven (£15) Tickets

Directed by regular Bella Union collaborator Alex Southam, the video to “Pale Green Ghosts” has just been unveiled and can be viewed here:

Paul McCartney será esta noite um dos Nirvana

Os Beatles e os Nirvana juntos em palco. E formando uma única banda? Acontecerá esta noite no Madison Square Garden





McCartney foi o instigador do encontro a que assistiremos a partir das 19h30 (1h30 em Portugal), em directo do Madison Square Garden. Telefonou a Dave Grohl propondo uma colaboração para o concerto e este convidou-o a tocar com alguns amigos, que eram Novoselic e Pat Smear. O concerto de beneficência conta com Bruce Sprignsteen, Rolling Stones, Eddie Vedder ou The Who, mas as atenções estarão inevitavelmente centradas naquele encontro inédito.

Desde Dezembro de 1980, quando morreu John Lennon, que sabemos que uma reunião dos Beatles é impossível. E desde Abril de 1994, quando Kurt Cobain preferiu esgotar-se a apagar-se lentamente, que sabemos que não mais veríamos os Nirvana juntos. Tendo isto em perspectiva, preparemo-nos para algo absolutamente inesperado. Não, não se trata de Lennon e Harrison, que morreu em 2001, a aparecerem em holograma com Ringo e McCartney. Não, não será Kurt Cobain enquanto jovem, com imagens enxertadas do histórico concerto de Reading, para liderar Novoselic e David Grohl em actuação tecnologicamente evoluída. Esta noite no Madison Square Garden, em Nova Iorque, no concerto “12-12-12” organizado para recolha de fundos para as vítimas do furacão Sandy, veremos os Nirvana sobreviventes, Grohl e Novoselic, reunidos a um Nirvana honorário, o guitarrista Pat Smear, rodeando um dos Fab Four, Paul McCartney.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ALBUM REVIEW: DEAD SARA — DEAD SARA

LA band looks to start a fire with debut album!


Between their recent Rolling Stone write-up and a high-profile spot on this year’sWarped Tour — not to mention some glowing SXSW coverage from yours truly —Dead Sara is one of the more buzzed-about bands to emerge from the rock clubs of Los Angeles in some time. More impressive yet is that the quartet has achieved their recognition not as part of any contemporary trend but by playing straight up, ballsy rock done right.


Frontwoman Emily Armstrong sported a vintage Tom Petty tour shirt when I first saw the band in Austin, and that old-school influence is immediately apparent in the band’s music. Produced by Noah Shain — whose resume includes records by Atreyu and Skrillex — Dead Sara’s self-titled debut boasts a organic garage-rock aesthetic married to aggressive musicianship. This is an album with the potential to unite Paramore-worshipping teens and their Fleetwood Mac-loving parents.


Armstrong’s vocal range — in particular her ability to flip the switch from a folksy croon to a gruff caterwaul at a moment’s notice — is fairly astounding and plays an equal role with the pummelling riffage of guitarist Siouxsie Medley in defining the band’s sound. It’s perhaps worth mentioning at this point that it is refreshing to see a rock band fronted by two women — neither of whom is hard on the eyes — that doesn’t feel the need to ramp up the sex appeal to attract an audience.

Rather, the vibe projected both live and on record is one of defiance and self-assertion, presumably informed by both personal struggle and the challenges of making an impact in a traditionally male-dominated scene. For their part, the masculine contingent of Dead Sara — bassist Chris Null and drummer Sean Friday — ably anchor the tight selection of 11 songs that comprises the band’s self-titled debut.


Null ushers in the album’s opening track, “Whispers & Ashes,” with a staccato bass rhythm before an impassioned yelp from Armstrong announces the arrival of the rest of the band. The song itself isn’t breaking any molds, adhering to a tried-and-true formula of aggressive verses married to a chorus that ably captures the slightly ethereal beauty implied by the title. It nevertheless makes for a fine introduction to the album, which from there maintains a breakneck pace and rarely pauses for breath — just as well, since the band is at its best with all pistons firing in unison.

To wit, lead single “Weatherman,” which bursts out of the gate with a Tom Morello-esque riff that is irresistible in its driving simplicity and backed by a earth-shaking beat from Friday. By the time the chorus hits, Armstrong’s screamed entreaty to “Go for the kill” might just have the listener looking around frantically for a throat to tear out. Medley’s cascade of feedback-drenched harmonics in the bridge recall Nirvana at their most discordant and are emblematic of the grunge-era proclivities that run throughout the entirety of the record.

The band’s heaviest tendencies are also on display in “Monumental Holiday,” which at 2:41 is the album’s shortest track and also its most concentrated burst of aggression — featuring Armstrong at her most throat-shredding — and “Lemon Scent,” which proves that Dead Sara understands that old jazz adage that the notes you don’t play are as important as the ones you do. When Medley drops out of the chorus for a measure at a time, her guitar rebounds with twice the impact when it rejoins the fray.


Published here

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O 'indie' é o novo 'mainstream'...


Publicado em Sound+Vision

É verdade que os Echo & The Bunnymen chegaram ao 8º lugar no top inglês com The Cutter em 1983, o mesmo ano em que os The Cure chegavam ao número sete comThe Love Cats e os Siouxsie & The Banshees levavam uma versão de Dear Prudence, dos Beatles, ao terceiro lugar da mesma tabela... Mas só podemos falar de uma verdadeira grande visibilidade (e volume de vendas) de bandas do mapa “alternativo” quando, em inícios dos anos 90, a MTV faz dos Nirvana nome de alta rotação, o mesmo acontecendo pela mesma altura com os Pearl Jam ou Smashing Pumpkins, entre outros mais. Vinte anos depois o que em tempos era “alternativo” foi entretanto assimilado e integrado pela cultura mainstream (e não apenas pelo mercado dos discos e dos festivais, mas também o da publicidade). Por muito haja músicos, bandas (e públicos) que se afirmem como indie nos dias que correm, na verdade poucos são os que traduzem um espírito verdadeiramente inovador, desafiante, irreverente ou simplesmente diferente como, em tempos, esse mesmo termo da nomenclatura pop/rock significava. Indie deixou há muito o "indie"(pendente) de quem operava fora do circuito do grande mercado. E transformou-se numa expressão social de quem quer ser diferente mas, na verdade, não deixa de ser igual a tantos outros... E, graças a vinte anos de criação de gostos (junto de quem divulga e de quem ouve música), afirma-se hoje como uma clara forma de cultura mainstream. 

Note-se que não querem estas palavras traduzir a ideia que a música é melhor quando só é conhecida e partilhada por meia dúzia de almas que se comportam como guardiões de tesouros preciosos que mais ninguém vê, qual Gollum e seu anel. Assim fosse, e que nos interessariam os feitos de um David Bowie ou Kraftwerk nos anos 70, uns Pet Shop Boys ou Prince nos 80, uns R.E.M. ou U2 nos 90?... Fartaram-se de vender discos e estão longe de ter uma contribuição "menor" na história da evolução das formas da cultura popular. Alcançar um vasto patamar de espectadores não é necessariamente sinónimo de uma expressão de jogos de cedência ao mercado (havendo quem também o faça, claro). O que se coloca aqui em causa é a ideia de “personalidade” diferente que a cultura indie advoga como sua, por oposição a que será o suposto esbatimento de personalidade que vemos em muito do mainstream (que existe, sim). Mas será o indie de hoje assim tão diferente?... (sem o comparar com omainstream de uma pop dominada por produtores e programas de "tele-talentos", claro).

Chegámos a um patamar de nivelamento na cultura indie que em nada traduz o seu desejo de ser diferente. E que, é verdade, faz falta para que a música e a cultura popular não se fechem em loops de mais do mesmo. Mas a verdade é que muita da música dita indie de hoje não é senão uma expressão com guitarras, baixo, bateria, vocalista, eventuais teclas e outros instrumentos, de uma certa lógica de pronto-a-vestir. Junta-se uma calça assim, uma T-shirt assado e mais aquele lenço e sai banda... E a verdade é que, uma com mais gimmick para aqui, outra com maisgimmick para ali, são todas, na sua essência, desejadamente diferentes, mas afinal desencantadamente iguais. 

Quer isto dizer que não tem havido boas ideias em terreno indie? Nada disso. Veja-se o caso de uns Animal Collective, que foram simplesmente a banda mais influente e interessante da década dos zeros. Ou nomes como uns TV on The Radio, Beirut, Devendra Banhart, White Stripes ou No Age, cujas obras marcaram o seu tempo. Mas ao vermos os nomeados para os Grammys deste ano (e a própria presença ali em 2011 de um Bon Iver – com inusitada histeria nos concertos lisboetas deste ano) repararemos que o que se apresenta como indie na verdade tem mais em comum com uma lógica de comportamento mainstream que com a carga de ousadia e diferença que, a bem da evolução das formas e da cultura, deve existir em quem está de facto a agir independentemente das normas em vigor. 

Nada contra o indie por principio. Só não acredito na maioria do indie de hoje como forma de expressão de uma vontade em criar, inventar, olhar em frente, como o recordo de heróis “indie” de outros tempos. Note-se que houve momentos de grande visão este ano. E que não faltaram grandes discos a 2012. Revelações como as de um John Talabot, Alunageorge ou Grimes. Novas visões de uns Dirty Projectors, Major Lazer, Ombre, Micachu & The Shapes, Matthew Dear. A simplicidade autoral de um Andrew Bird ou Perfume Genius. A vibrante agitação no R&B e periferias de Miguel, The Weekend ou Frank Ocean... Sim, alguns vêm de terreno "indie", mas o facto é que o grosso do indie de 2012 está longe de ser o que de melhor e mais visionário o ano nos deu a ouvir. O indie de hoje, aquele que os Grammys vão celebrar, que ouvimos nas bandas sonoras das campanhas publicitárias e nos palcos dos festivais, transformou-se numa coisa mainstream para quem acha que não quer ser mainstream, mas na verdade não deixa de o ser.

PS. E há mal em ser mainstream? Porque não se chamam antes as coisas pelos nomes?

Vejam aqui as nomeações para os Grammys de 2013, que motivaram este texto.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Remembering Jim Morrison, The Late Singer Of The Doors, On What Would Have Been His 69th Birthday





The late Jim Morrison of The Doors, the charismatic, most influential and controversial, provocative singers in music history, who would have been 69 years old today.

With a life and legend shrouded in constant dissection, awe, praise, disgust, carelessness, and out and out creativity which grabbed from a well of poetry, classic literature, and an eye and finger on the pulses of human life, existence, dark mysteries, and constant reaching for new life and soul education, the pedigree and output of work from Jim Morrison still stands as a checkpoint for all who followed him, and there were many and still are many to this every day in the musical universe.



Like Elvis Presley and using a lot of the physical posturing, attitude, and energy that Presley pretty much invented, and utilizing the swagger of Frank Sinatra, Morrison fused the two together, dressed them both up in shamanic clothing with a take-no-prisoners attitude, and as the lead singer of The Doors, became a mighty force in rock and roll, a typhoon who lived life on the edge of the edge, walking barefoot on its razor sharp precipices. There are so many stories and opinions as to who Jim Morrison was, what made him tick, what made him sprint out of the starting gate to become almost like a prophet to millions, and eventually a pariah. To this day, his image remains stratosphere high; who the real person was is inconsequential, it’s the classic imagery and legend of him that is paramount, as if that image broke free from his carcass of his body, and became his norm. Even his death in 1971 still to this day is immersed and mired in controversy as many fans wonder if he is even dead, which in itself is ludicrous when you take into account his lifestyle, which almost singlehandedly defined the word decadence, but there are people who still believe and parlay the theories that Morrison didn’t die in Paris 41 years ago. It’s a testament to what a provocateur in a positive and negative sense, James Douglas Morrison was and continues to be, all these decades later.


Everything about Morrison, from his large mane of hair, to his skinny yet svelte limber body, barely covered in jet black leather pants, (although he would have questionable girth as a few years went on, a negative by-product of his lifestyle) seemed to have a keen sense of danger about it, a danger that transcended himself. At the Doors’ peak, the world watched him with an eye of befuddled wonderment, wondering how long would it last, how much could Morrison push the envelope, which he didn’t just push, he rammed into it with a bulldozer again and again, delighting, alienating, angering, muscling his friends, loved ones, cohorts, companions, strangers, no one was free from the Morrison speedcar, which barreled down metaphoric highways at speeds untold, dazzling and dizzying.

With The Doors’ doomy, early gothic creepy noises, sights and sounds, it created a perfect synergy with its lead singer; they almost became an empty vessel for him to fill up. He used their musical cues to reach as high as he could; he was like an elastic band that could stretch and stretch in perfect perpetuity, never on the verge of breaking. It was this metaphor of sorts which defined the Morrison legend, and a legend that to this day, still intrigues, fascinates, and enthralls millions of rabid Doors and Morrison fans around the world.

With songs like “People are Strange,” “ LA Woman,” “Wishful Sinful,” “Break on Through,” “The Changeling,” “Peace Frog,” and the smash hits “Light My Fire” and “Touch Me” (penned by Doors’ guitar player Robby Krieger) and “Hello I Love You,” Morrison could be at once tender, extremely sexual (in fact, he, like Lou Reed, was one of the first frontmen in music history to unabashedly use sexual metaphors as impetus for his work), terrifying, sublime, peaceful, and disruptive whilst singing. The Doors catalog and the band itself, remains some of music’s finest of all time, helped largely if not arguably solely by Morrison.


So let’s have a global celebration of the lizard king today, to the man who helped raise rock and roll to shock rock theater, the kind crystallized by frontmen who followed, like Iggy Pop, Alice Cooper, Ozzy Osbourne, and countless others. To the man who while some would say in hindsight was his own worst enemy, still showed the world that you can have a good time without rules, that rules were meant to be splintered, who told all the people that he saw to follow him down, that no one here would get out alive, who lived on love street, and who broke on through to the other side while standing knee deep in blood in the streets that was up to his ankles, the irrepressible and unforgettable, Jim Morrison.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

"Breaking Bad" com cinco nomeações aos Writers Guild Awards 2012

Publicado originalmente em splitscreen


O sindicato dos argumentistas norte-americanos revelou os seus nomeados nas categorias de televisão para os Writers Guild Awards 2012Breaking Bad é a série mais votada, com cinco nomeações, seguida de Modern Family, com quatro nomeações. A série Girls foi a única série a conseguir estar nomeada tanto na categoria de Melhor Argumento de Nova Série, bem como na de Melhor Argumento em Série de Comédia.

Argumento de Série Dramática
Boardwalk Empire
Breaking Bad
Game of Thrones
Homeland
Mad Men

Argumento de Série Cómica
30 Rock
Girls
Louie
Modern Family
Parks and Recreation

Argumento de Nova Série
Girls
The Mindy Project
Nashville
The Newsroom
Veep

Argumento de Episódio (Drama)
"Buyout" de Breaking Bad
"Dead Freight" de Breaking Bad
"Fifty-One" de Breaking Bad
"New Car Smell" de Homeland
"The Other Woman" de Mad Men
"Say My Name" de Breaking Bad

Episódio (Comédia)
"The Debate" de Parks and Recreation
"Episode 9" de Episodes
"Leap Day" de 30 Rock
"Little Bo Bleep" de Modern Family
"Mistery Date" de Modern Family
"Virgin Territory" de Modern Family

Minissérie ou Telefilme - Argumento Original
Hatfields and McCoys
Hemingway & Gellhorn
"Pilot" de Political Animals

Minissérie ou Telefilme - Argumento Adaptado
Coma
Game Change

Animação
"A Farewell to Arms" de Futurama
"Forget-Me-Not" de Family Guy
"Holidays of Future Passed" de The Simpsons
"Ned and Edna's Blend Agenda" de The Simpsons
"Treehouse of Horror XXIII" de The Simpsons

Programa de Variedades
The Colbert Report
Conan
The Daily Show with Jon Stewart
Jimmy Kimmel Live
Key & Peele
Portlandia
Real Time with Bill Maher
Saturday Night Live

Os restantes nomeados podem ser consultados aqui.

Ler mais: http://splitscreen-blog.blogspot.com/2012/12/breaking-bad-com-cinco-nomeacoes-aos.html#ixzz2EMGSvg39

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mellon Collie and the Infinite Sadness [Deluxe Edition Box Set]

The Smashing Pumpkins didn't shy away from making the follow-up to the grand, intricate Siamese Dream. With Mellon Collie and the Infinite Sadness, the band turns in one of the most ambitious and indulgent albums in rock history. Lasting over two hours and featuring 28 songs, the album is certainly a challenging listen. To Billy Corgan's credit, it's a rewarding and compelling one as well. Although the artistic scope of the album is immense, The Smashing Pumpkins flourish in such an overblown setting. Corgan's songwriting has never been limited by conventional notions of what a rock band can do, even if it is clear that he draws inspiration from scores of '70s heavy metal and art rock bands. Instead of copying the sounds of his favorite records, he expands on their ideas, making the gentle piano of the title track and the sighing "1979" sit comfortably against the volcanic rush of "Jellybelly" and "Zero." In between those two extremes lies an array of musical styles, drawing from rock, pop, folk, and classical. Some of the songs don't work as well as others, but Mellon Collie never seems to drag. Occasionally they fall flat on their face, but over the entire album, The Smashing Pumpkins prove that they are one of the more creative and consistent bands of the '90s.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Arthur Russell, Keep The Lights On O.S.T.


Arthur Russell
“Keep The Lights On”
Audika Records
4 / 5
O filme estreou em Sundance este ano, ganhou o Teddy Award na Berlinale e integrou a competição de longas metragens da edição deste ano do festival Queer Lisboa. Realizado por Ira Sachs, Keep The Lights On acompanha o relacionamento disfuncional de dois homens na Nova Iorque dos nossos dias. Espaço assim partilhado com o que Arthur Rusell tomou como central à sua vida e criação, representando a sua música uma das mais marcantes expressões de uma capacidade entre a cultura de vanguarda e a música popular que caracterizou importante terreno da vida musical nova-iorquina nos anos 70 e 80. A banda sonora de Keep The Lights On – disponível apenas em lançamento digital – junta as canções e temas instrumentais que ouvimos no filme (onde não se ouve outra música senão a de Arthur Russell). Escolhida pelo realizador, em conjunto com o antigo companheiro de Arthur Russel e pelo autor do documentário Wild Combination: A Portrait of Arthur Russell, a música de Keep The Lights On colhe gravações sobretudo entre os álbuns World of Echo e Love Is Overtaking Me. Entre espaços de evidente flirt com a pop e caminhos mais experimentais, não só se serve magnificamente um filme como, agora, se serve um eventual cartão de visita para a descoberta do músico.

Publicado originalmente em Sound+Vision

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Fight Club: The World According to Tyler Durden

In 1996, the world was introduced to Chuck Palahniuk's funny, sad, angry, mischievous, bizarre and brilliant debut novel, Fight Club. The book's fractured prose, acid-jazz structure and shockingly subversive themes took the world of contemporary fiction by storm and made Palahniuk a superstar...



In 1996, the world was introduced to Chuck Palahniuk's funny, sad, angry, mischievous, bizarre and brilliant debut novel, Fight Club. The book's fractured prose, acid-jazz structure and shockingly subversive themes took the world of contemporary fiction by storm and made Palahniuk a superstar - and, in our humble opinion, the author has yet to top his first book.

At first, Fight Club was considered to be "unfilmable," like so many subversive novels before it, so it was quite a surprise when 20th Century Fox conjured up a budget of over $60 million, big-time movie stars (Brad Pitt and Edward Norton) and an A-list director (David Fincher) to turn the scrappy little novel into a movie like no other. The result was a modern classic - a startlingly original, daring and uncompromising piece of filmmaking, one that gains new members every year.

It's hard to believe that it's been ten years since the release ofFight Club, the movie. To celebrate a decade of poet-philosopher-pugilist Tyler Durden, wonderfully played by Mr. Brad Pitt, we present some of his still-relevant sage wisdom - in fact, rather eerily, some of Tyler's musings may be even more relevant in today's social, political and economic climate than they were back in '99. As there are eight rules of Fight Club, we present eight bits of Tyler Wisdom.

TYLER WISDOM #1: "I see in Fight Club the strongest and smartest men who've ever lived. I see all this potential, and I see squandering... goddammit, an entire generation pumping gas, waiting tables - slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy sh** we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off."

TYLER WISDOM #2: "Fu** off with your sofa units and strine green stripe patterns - I say never be complete, I say stop being perfect, I say let's evolve, let the chips fall where they may."

TYLER WISDOM #3: "Only after disaster can we be resurrected."

TYLER WISDOM #4: "In the world I see - you are stalking elk through the damp canyon forests around the ruins of Rockefeller Center. You'll wear leather clothes that will last you the rest of your life. You'll climb the wrist-thick kudzu vines that wrap the Sears Tower. And when you look down, you'll see tiny figures pounding corn, laying strips of venison on the empty car pool lane of some abandoned superhighway."

TYLER WISDOM #5: "Listen up, maggots. You are not special. You are not a beautiful or unique snowflake. You're the same decaying organic matter as everything else."

TYLER WISDOM #6: "Self-improvement is masturbation. Now self-destruction..."

TYLER WISDOM #7: "You're not your job. You're not how much money you have in the bank. You're not the car you drive. You're not the contents of your wallet. You're not your fu**ing khakis. You're the all-singing, all-dancing crap of the world."

TYLER WISDOM #8: "It's only after we've lost everything that we're free to do anything."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Featurette da terceira temporada de "Game of Thrones"


Publicado originalmente em SplitScreen

Foi há instantes divulgada uma primeira featurette sobre a produção da terceira temporada de Game of Thrones:


Além de mostrar os locais de filmagens da nova temporada, oferece ainda um vislumbre das novas personagens. A terceira temporada da série corresponde à primeira metade do terceiro livro (intitulado A Storm of Swords) e estreia no canal HBO a 31 de Março de 2013.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Melhores do ano: os álbuns de 2012 para a revista Q



E logo este ano que ouvi muito pouca coisa... resta-me ir aos Best of...
Mas estes ouvi e gostei.
Alabama Shakes

Já começam as listas... e como sempre valem o que valem.

Alabama Shakes, Leonard Cohen, Mark Lanegan (na foto), Mumford and Sons e The Vaccines entre 50 melhores para a Q. Veja aqui a lista completa.

Ao contrário do que a maioria das publicações dedicadas à música tem feito, elegendo os melhores álbuns do ano por ordem hierárquica, a revista britânica Q decidiu escolher os 50 discos que marcaram 2012, sem numerá-los.

Mark Lanegan (na foto), Django Django, Leonard Cohen, Cat Power, Frank Ocean, Bruce Springsteen, Sharon Van Etten, The Killers, Lana Del Rey, Tame Impala e Jack White são alguns dos favoritos da revista Q em 2012 - veja aqui a lista dos discos escolhidos pela revista inglesa, escolhidos por ordem alfabética.

The 2 Bears - Be Strong
Alabama Shakes - Boys & Girls
Alt-J - An Awesome Wave
Paul Banks - Banks
Bat For Lashes - The Haunted Man
Beach House - Bloom
Jake Bugg - Jake Bugg
David Byrne & St. Vincent - Love This Giant
Cat Power - Sun
Leonard Cohen - Old Ideas

Daphni - Jiaolong
Lana Del Rey - Born To Die
Dirty Projectors - Swing Lo Magellan
Django Django - Django Django
Bob Dylan - Tempest
EL-P - Cancer4Cure
Field Music - Plumb
Go-Kart Mozart - On The Hot Dog Streets
Grimes - Visions
Grizzly Bear - Shields

Ren Harvieu - Through The Night
Richard Hawley - Standing At The Sky's Edge
Here We Go Magic - A Different Ship
Hot Chip - In Our Heads
Elton John Vs. Pnau - Good Morning To The Night
Josephine - Portrait
The Killers - Battle Born
Kindness - World, You Need A Change of Mind
Mark Lanegan Band - Blues Funeral
The Maccabees - Given to the Wild

Mala in Cuba - Mala in Cuba
Mumford & Sons - Babel
Muse - The 2nd Law
Frank Ocean - Channel Orange
Orbital - Wonky
Peaking Lights - Lucifer
Plan B - Ill Manors
Emeli Sande - Our Version of Events
Saint Etienne - Words And Music By Saint Etienne
School Of Seven Bells - Ghostory

Bruce Springsteen - Wrecking Ball
Tame Impala - Lonerism
Totally Enormous Extinct Dinosaurs - Trouble
The Vaccines - Come Of Age
Sharon Van Etten - Tramp
The Walkmen - Heaven
Jessie Ware - Devotion
Paul Weller - Sonik Kicks
Jack White - Blunderbuss
Bobby Womack - The Bravest Man In The Universe



Ler mais: http://blitz.sapo.pt/melhores-do-ano-os-albuns-de-2012-para-a-revista-q=f84772#ixzz2DhXH1WL0

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Estreias da semana em Portugal


Publicado originalmente em SplitScreen
Cloud Atlas (Cloud Atlas)


Ano: 2012
Género: Drama, Mistério e Ficção-Científica

Uma história de amor que se desdobra em vários lugares no tempo, durante um período de 500 anos. Personagens conhecem-se, separam-se e voltam a reunir-se em vários ciclos de nascimento e morte. Todas as suas acções e escolhas se interligam e vão ter implicações no passado, presente e futuro. Uma alma é moldada a partir de um assassino e transformada em herói. Cada gesto de bondade é replicado através dos séculos até se tornar em algo inesperado que pode inspirar revoluções, independentemente do espaço ou do tempo, seja no século XIX ou num futuro longínquo. Dos aclamados realizadores Lana e Andy Wachowski (saga "Matrix") e Tom Tykwer ("Corre, Lola, Corre", "Heaven - Por Amor"), chega-nos um épico inspirado no best-seller do escritor inglês David Mitchell, publicado em 2004. O filme conta ainda com Tom Hanks, Halle Berry e Hugh Grant como protagonistas.Outras sugestões:


Mata-os Suavemente (Killing Them Softly)



Ano: 2012
Realização: Andrew Dominik
Argumento: Andrew Dominik
Género: Thriller, Crime

Jackie Cogan é um detective contratado pela máfia para investigar um assalto de milhões a um jogo de póquer que causou o colapso da economia criminal da cidade. Mas entre bandidos hesitantes, assassinos a soldo e aqueles que instigaram o golpe, vai ser difícil manter o controlo sobre a situação. Agora, ele terá de conhecer todos os ardis e, numa corrida contra o tempo, solucionar o mistério e, talvez, salvar a sua própria pele. Inspirado na novela de George Vincent Higgins, com realização e argumento do neozelandês Andrew Dominik ("O Assassínio de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford"), um "thriller" de acção que conta com um elenco de luxo: Brad Pitt, James Gandolfini, Ray Liotta, Sam Shepard, Richard Jenkins, Ben Mendelsohn, entre outros.



Neds - Jovens Delinquentes (Neds)



Ano: 2010
Realização: Peter Mullan
Argumento: Peter Mullan
Género: Drama
1973. Glasgow, Escócia. No limiar da adolescência, John McGill (Conor McCarron) está prestes a iniciar o ensino secundário. Apesar da sua inteligência fora do comum, as probabilidades de progredir na vida estão contra ele: oriundo de uma família disfuncional e pobre, com um pai alcoólico e violento e um irmão constantemente a infringir a lei, o futuro não parece ter muito a oferecer. Assim, com as circunstâncias contra si, John vai fazer um longo percurso que o levará por estradas tortuosas que quase o levarão à perdição. Com argumento e realização de Peter Mullan ("Órfãos" e "As Irmãs de Maria Madalena"), um filme dramático sobre as dificuldades por que passaram os jovens oriundos das classes trabalhadoras escocesa daquela geração. "Jovens Delinquentes" foi o filme vencedor da Concha de Ouro no Festival de San Sebastián de 2010.



Mais Um Dia Feliz (Another Happy Day)


Ano: 2011
Realização: Sam Levinson
Argumento: Sam Levinson
Género: Drama
Lynn e Paul (Ellen Barkin e Thomas Haden Church) são divorciados. Ele assumiu a custódia de Dylan (Michael Nardelli), o filho mais velho; ela, de Alice, Elliot e Ben (Kate Bosworth, Ezra Miller e Daniel Yelsky). Quando Dylan decide casar, a mãe mete-se a caminho até Maryland e segue viagem com os mais novos. E agora, perante uma reunião forçada com a sua família desmembrada e conflituosa, Lynn tem ainda de encarar o ex-marido, a sua extravagante segunda esposa (Demi Moore) e a própria mãe (Ellen Burstyn), que a culpa de todos os problemas. Chegada ao destino, quase sem conseguir respirar, rapidamente se sente à beira de um esgotamento nervoso... Um filme dramático realizado pelo realizador e argumentista Sam Levinson ("Bandidos", "Pânico em Hollywood").



A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)


Ano: 2012
Realização: Peter Ramsey
Género: Animação
Os guardiões são seres imortais cuja função é proteger as crianças do Mal, preservando a sua inocência, esperança e capacidade de sonhar. Eles trazem a alegria e os sonhos aos seus corações e, enquanto elas acreditarem no poder das artes mágicas, estarão protegidas. Porém, quando o terrível Pitch (Jude Law), um poderoso espírito maligno, decide aparecer e fazer o medo penetrar em todos os corações humanos, a doce Fada dos Dentes (Isla Fisher), o imperturbável Coelhinhomelo (Hugh Jackman), o impetuoso Norte (Alec Baldwin), o destemido Jack Gelado (Chris Pine) e o sábio Sandman decidem unir as suas forças e enfrentarem o combate das suas vidas. Realizado por Peter Ramsey e produzido pelos DreamWorks Animation, um filme de animação em 3D baseado em The Guardians of Childhood, a série juvenil em 13 volumes escrito pelo escritor, ilustrador e realizador William Joyce.



A Minha Canção de Amor (My Own Love Song)

Ano: 2010
Realização: Olivier Dahan
Argumento: Olivier Dahan
Género: Drama, Comédia
Jean (Renée Zellweger) é uma ex-cantora que vive amargurada desde o acidente que a deixou presa a uma cadeira de rodas, sete anos antes. Joey (Forest Whitaker), o seu melhor amigo, é um homem puro que fala com fantasmas e anjos. Quando ele sabe que o seu autor preferido vai dar uma conferência em Nova Orleães, convence-a a percorrer mais de mil quilómetros até lá. É então que, juntos, farão uma longa e decisiva viagem que servirá não apenas para curar algumas das suas feridas mais profundas, como também para reinventar a maneira como ambos se vêem um ao outro. De caminho ela ainda escreverá a mais bela canção de amor de toda a sua vida... Um filme dramático em jeito de "road movie" com argumento e realização do francês Olivier Dahan ("Os Anjos do Apocalipse", "La Vie en Rose"). 
Sinopses: Cinecartaz Público


The Black Keys ao vivo no Pavilhão Atlântico versão Blitz

The Black Keys ao vivo no Pavilhão Atlântico [texto + fotogaleria] -
Dupla norte-americana encheu esta noite a sala lisboeta com o seu rock incendiário. E não ficou um único "Lonely Boy" para contar a história.

Os Black Keys fizeram história esta noite em Lisboa. Frente a um Pavilhão Atlântico bem mais cheio que aquilo que, confessamos, chegámos a temer, Dan Auerbach e Patrick Carney estrearam-se em grande em solo nacional, com um concerto generoso em riffs de guitarra bojudos e bateria com pelo na venta oferecidos a um público sempre ávido de rock - e foi quase tão incendiário quanto Jack White no Coliseu. Mais, Auerbach deu ainda à audiência lisboeta outra coisa que ela muito preza: conversa e alguma bajulação. A descontração do vocalista aliada a grande interação e regada por muitos agradecimentos (não que o público não merecesse ver os seus esforços - palmas, gritos, coros gigantescos, danças desgovernadas, air guitar... Vimos de tudo - reconhecidos) levou os fãs à histeria. 

O início do concerto dos Black Keys chegou a auspiciar o pior: o microfone de Auerbach esteve desligado durante todo o primeiro tema. E "Howlin' For You" não é um tema qualquer, portanto os gritos de excitação, sempre que o vocalista se aproximava da frente de palco, misturavam-se com os assobios de revolta. Nada que a banda de Akron, Ohio, não conseguisse depois compensar com um alinhamento fortemente baseado emEl Camino , disco editado no final do ano passado que ajudou a fazer crescer ainda mais um culto que explodiu com Brothers , de 2010, também em destaque no espetáculo desta noite. A dupla, obviamente destacada na parte da frente do palco, fez-se acompanhar por mais dois músicos, para seguir viagem com um "Next Girl" que finalmente trouxe a voz de Auerbach à vida e um "Run Right Back" que, com a sua bateria corridinha, se tornou um dos temas ganhadores logo no início. 

"Let's keep on moving" foi uma das frases que mais se ouviu sair da boca do vocalista, como que a incentivar o público a não se deixar levar pelo cansaço e a acompanhá-los num espetáculo que ganha pela forma acelerada como avança por entre a violência das guitarras de "Same Old Thing", do já "antigo" Attack & Release , um sexy "Dead and Gone" ou um incendiário "Gold on the Ceiling", que levaram o público ao delírio. "Vamos tocar algumas canções só nós os dois agora", diz às tantas Dan Auerbach, recuando ao lado do companheiro de sempre até aos primeiros álbuns com "Thickfreakness", o para-arranca de "Girl Is On My Mind" e o enérgico "Your Touch". 

O regresso dos restantes companheiros de estrada faz-se ao som da balada "Little Black Submarines" - de guitarra acústica a tiracolo, Auerbach puxa pelos isqueiros e os telemóveis de um público que o acompanha em coro do início ao fimra. A aspereza de "Strange Times", a fugidia "Nova Baby" e o dramático "Ten Cent Pistol" ajudam a preparar o Pavilhão Atlântico para uma sequência final arrebatadora: "She's Long Gone" pega com o assobio gigante e o riff poderoso de "Tighten Up" e já ninguém aguenta sem abanar o esqueleto quando chega "Lonely Boy", cantada em uníssono até a banda abandonar o palco em apoteose - não sem antes vermos finalmente um "crowd surfer" a ser recebido em braços pelos seguranças no fosso". 

O único e curto encore foi bem representativo da energia que os Black Keys destilam em palco. Depois de as luzes se apagarem e da gritaria que serviu de banda-sonora aos momentos em que a dupla se fez esperar, Auerbach e Carney regressaram acompanhados de duas gigantescas bolas de espelhos que pintalgaram o Pavilhão Atlântico de cor. O início do fim faz-se com "Everlasting Light" e o seu falsete sedutor e, logo depois - introduzido pelos agradecimentos finais: "vamos, sem dúvida alguma, voltar. Obrigado por terem vindo" -, atacam furiosamente "I Got Mine", até uma explosão final acompanhada pelo nome da banda a descer do alto, escrita em luzes. Aos Black Keys coube este ano a honra de encerrar os grandes concertos internacionais e souberam fazê-lo com chave de ouro. 

A primeira parte coube aos regressados Maccabees, que se tinham apresentado em julho no palco secundário do Optimus Alive'12. Com uma pontualidade britânica, a banda liderada por Orlando Weeks defendeu, em aproximadamente 45 minutos, o álbum que os levou a serem um dos finalistas do conceituado Mercury Prize. De Given to the Wild , o terceiro disco de originais, a banda londrina retirou a grande maioria dos temas apresentados, mostrando como o seu rock polido soa tão bem quando abusa do reverb ("Child") como quando pisa forte na bateria ("Wall of Arms") ou aposta numa progressão explosiva ("Pelican" mereceu todas as palmas que teve).

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ah yeah, it’s the Black Keys!


Fonte: Patrícia Naves | pnaves@destak.pt

Estreia em Portugal a saber a curta dos norte-americanos The Black Keys, mais de dez anos após o início de uma carreira que deu um salto de gigante nos últimos dois discos e que os trouxe ao nosso país com as expectativas no ponto máximo. A banda que pegou no blues mais profundo da mais profunda das Américas e misturou-lhe rock a saber a Led Zeppelin, o duo que colocou de novo o rock de raíz no mapa e na moda, não deixou créditos por mãos alheias. Ficarão sempre alguns ‘e ses’ por responder… se os tivéssemos visto antes, noutra sala, num Verão, quando ainda tocavam em clubes escuros e fumarentos, quando Dan Auerbach equiparava na barba Josh T Person. A melhor resposta será que este concerto foi o melhor que podia, quando e como foi; e que por ser aqui e agora, ele foi plena e totalmente de vários milhares de fãs presentes.

Começou insólito e complicado o concerto dos Black Keys no Pavilhão Atlântico de Lisboa, o primeiro espectáculo da sua digressão europeia, depois de um aquecimento eficaz (mas com alguns problemas de som) dos Maccabees, que já mereciam um concerto a solo em Portugal. Também com problemas de som, aliás com Dan Auerbach literalmente sem se ouvir, Howling for You foi um tema quase desperdiçado, uma entrada entre a euforia e os assobios por parte do público, a fazer mesmo temer o pior. 

Problema resolvido e tempo para ver o palco, simples mas com projeções em tela, da banda e de paisagens rudes, os Black Keys apoiados ao vivo por baixista e teclista mas sempre Dan Auerbach (voz e guitarra) e Patrick Carney (bateria) em estratégico ponto central e iluminado, a lembrar uns Jack e Meg White.

«Está tudo bem»? perguntou Auerbauch, e estava ou começava a estar, com Next Girl e Run Right Back, El Camino a lançar o seu brilho. «Vamos continuar» dizia o vocalista entre músicas, dizia constantemente «vamos continuar» e «Ah Yeah» a tudo. «Ah yeah Portugal», «ah yeah» às pessoas, aos aplausos. Um blues man em pessoa, energético, empenhado, clássico, vocalmente impecável; «ah yeah», Dan Auerbach. 

Dead and Gone e Gold on the Ceiling, dois grandes temas também de El Camino, tocados de seguida, trouxeram momentos de euforia total, o Atlântico a parecer mais lotado do que estava, os problemas todos trancados lá fora. Girl Is On My Mind iniciou uma sequência de temas só com Dan e Patrick, que teve ponto alto com Little Black Submarines, cantada em uníssono pelo público, e interpretada em acústico mas fechando com improviso rock. «São um público lindo, é a nossa primeira vez», disse o vocalista, seguindo com Money Maker e Strange Times. Como seria de esperar, muito El Camino no concerto, algum Brothers, e dos temas mais antigos apenas os mais conhecidos, como este. 

Depois de momentos menos eufóricos com Sinister Kid e Nova Baby, de Brothers veio também o magnífico Ten Cent Pistol, melhor exemplo ou epitome de uma banda justamente apelidada de rock mas que vive, transpira e respira o melhor do blues. Nas letras (There's nothing worse/In this world/ Than payback from a Jealous girl), naquele tristeza única na maneira de cantar, nos gritos chorosos da guitarra, no órgão. São os blues a essência e magia dos Black Keys, e perderam-se por vezes ao vivo com o quase inevitável acelerar de muitos temas; mas não nesta, não aqui. 

Após She’s Long Gone, chegam Tighten Up e o incontornável Lonely Boy, dois temas maiores de dois discos (de novo Brothers e El Camino), que sem serem ‘maiores’ do que os anteriores se tornaram também eles absolutamente incontornáveis, numa cena musical ávida por rock puro a cheirar a folk e a bar do oeste antigo, aliás ilustrado nas projeções de uma América tão profunda quanto a sua música. 

Em encore, hora e meia depois do início, duas bolas de espelhos iluminaram o Atlântico, e Auerbach cantou em impecável falsete Everlasting Night, já a cheirar a despedida, e depois da promessa de um regresso em breve. Com I Got Mine, um verdadeiro final apoteótico, Dan literalmente de joelhos, néon com o nome da banda a surgir por detrás. E tudo termina com um dos primeiros hits, em jeito de ode aos discos passados, tão longe de uns Black Keys que hoje em dia têm de processar empresas por uso constante de músicas em anúncios. Não foi um tirinho para um grupo com 11 anos e 7 discos, foi um caminho, foi El Camino; e felizmente não se estragou nada.