quarta-feira, 24 de março de 2010

Visto do Céu


Quando uma criança de 14 anos é brutalmente assassinada, se o Céu não existe, há que inventá-lo rapidamente

Pode ter ficado famoso pela trilogia O Senhor dos Anéis, mas não se esqueçam que Peter Jackson é autor de um filme de culto gore, absolutamente visceral, chamado Braindead (1992). Em Visto do Céu, apercebeu-se de que o terror não tem que ser divertido, e lançou-se em busca dos nossos medos mais profundos, para nos deixar com a pele eriçada, quase em crosta. Visto de Céu não é verdadeiramente um filme de terror. Aliás a flutuação de géneros é de tal forma exacerbada que quase sofremos uma overdose sentimental. É simultaneamente a Alice, de Marco Martins, e a Alice no Pais das Maravilhas, de Tim Burton. É um filme de terror, um thriller, um sobrenatural, um dramalhão, um filme surreal, um filme para adolescentes, uma história de amor e até tenta ser uma comedia, através da personagem da avó, desempenhada por Susan Sarandon - só que não pega, porque ninguém está com grande disposição para se rir.

O que perdura é o horror, em que a única escapatória, a única fuga disponível é a ideia de Paraiso. E agarramo-nos a ela com a fé de um devoto, pois que, concordem comigo os não crentes, quando uma criança de 14 anos é brutalmente assassinada, se o Céu não existe, há que ser inventado rapidamente.

Tal como em Crepúsculo dos Deuses (1950), em que o narrador conta a história depois de morto, a boiar numa piscina, este filme é narrado por Susie, uma jovem assassinada. Só que ao contrario de Billy Wilder, Jackson aproveita o facto para conciliar dois planos: um lado sobrenatural, que atravessa um purgatório deslumbrante para chegar ao Paraíso; e um real, que, por força das circunstâncias, se transforma num inferno. Há assim um constante choque de mundo, e uma barafunda sentimental, cosidas de forma sabiamente manipuladora, entre o suspense e a comoção. É um filme de emoções fortes feito com uma habilidade admirável, até porque nos é dado a observar o plano do assassino, brilhantemente interpretado por Stanley Tucci (nomeado para o Óscar). Porque a narradora, dada a sua condição de alma sem corpo, é omnisciente.

Os dois mundos antagónicos encontram pontos de comunicação, alargando a obra ao plano esotérico. Aliás a interferência do Céu na Terra dita o final inteligente e o padrão segundo o qual o filme se rege, na sua estrutura original. Visto do Céu é um filme que se parece com um festival de cinema, e como tal nem todos os registos são brilhantes, mas o saldo é amplamente positivo.


fonte: http://aeiou.visao.pt/overdose-emocional=f551308

3 comentários:

Beatriz Pecknold disse...

os albuns aqui ao lado, tens optimas escolhas, só retirava nirvana e U2

gloria disse...

hey,
they're ones i've come across from tumblr pages or searching on photobucket. hah! feel free to take any. i wish i had a program on my computer to make them,

gloria disse...

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