Isto é uma melodrama. Por isso, a chuva não é meramente decorativa. Nela se projectam as evidências e também os enigmas de um estado de alma: Michael (Cayden Boyd) acaba de descobrir que a relação com o pai não se rege necessariamente pelos mitos que os livros registam ou as famílias alimentam. E essa amargura nem a chuva a fará desaparecer: vai colar-se-lhe à pele, para sempre.Assim é este filme de estreia de Dennis Lee: Um Segredo Muito Nosso — cujo título original adopta um verso de Robert Fost: Fireflies in the Garden — surge como um inesperado retorno ao carácter mais genuíno do melodrama clássico, para mais através de uma narrativa em ziguezague temporal sustentada pelo rigor da montagem de Dede Allen (temos que voltar a falar dela...). Lee parece ter esse dom, melodramático por excelência, de envolver os actores num clima de tocante ambiguidade emocional. E não é todos os dias que um estreante — embora já relativamente conhecido nos EUA pelo impacto da sua curta Jesus Henry Christ (2003) — consegue reunir um elenco com Julia Roberts, Willem Dafoe, Ryan Reynolds, Emily Watson e Carrie-Anne Watson... De tal modo que Jesus Henry Christ vai ser transformado em longa-metragem e terá Julia Roberts como produtora.
In Sound + vision
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