quinta-feira, 7 de abril de 2011

Julianna Barwick, The Magic Place




Julianna Barcwick
“The Magic Place”
Asthmatic Kitty
5 / 5
É entre as árvores, o marulhar das folhas, o sibilar dos ventos, que podemos encontrar imagens traduzam um primeiro encontro com a música que Julianna Barcwick nos mostra em The Magic Place. Na verdade, o título do álbum alude a uma árvore que a cantora recorda da quinta onde cresceu na Louisiana (EUA), das paisagens que viveu a música levando-nos através de outras, interiores, onde vivem os sonhos e a imaginação. Sucessor do álbum Happy Togehter e do EP Florine, The Magic Place é um pequeno mundo feito mais de sensações que de uma lógica narrativa. Não segue por isso os caminhos que Virginia Astley cruzou quando nos fez viver os espaços e horas de um dia em From Gardens Where We Feel Secure (de 1983). Esses trilhos moram porém entre o mundo de sensações que atravessam este disco, a ideia de uma música que define espaços (logo, ambientes) de um Brian Eno estando igualmente próxima da medula das eventuais referências. Essencialmente vocalizada, vivendo de camada sobre camada de registos de som, cedendo protagonismo ao trabalho vocal e usando o piano e demais instrumentos na construção de cenários que muitas vezes se diluem entre fundos quase feitos de texturas, a música de Julianna Barwick é como uma floresta onde nos podemos perder. Onde sabe bem escapar ao GPS que conduz frequentemente uma noção de linearidade na música, para, um pouco como quando um líquido mergulha num outro (ou o vento deflecte ao passar entre as folhagens), o rumo dos acontecimentos nos comandar sem uma preocupação de direcção, de sentido, de tempo. The Magic Place é um lugar de sensações. De sugestões. Imperfeito nas formas, o som de um piano longe da precisão que se espera numa grande sala de concerto, os ecos invadindo os espaços contíguos, The Magic Placerespira contudo uma luminosidade revigorante, que ganha forma maior em momentos em que tudo depois faz pleno sentido, como se sente ao escutar Prizewinning ouFlown. Este é, sem dúvida, um dos grandes acontecimentos discográficos de 2011.


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