segunda-feira, 4 de abril de 2011

CÓPIA CERTIFICADA



Ele (o barítono William Shimell) é um escritor inglês em busca de um significado para a vida. Ela (Juliette Binoche) é uma galerista francesa em busca de originalidade. Quando, depois de uma conferência dele, se conhecem, decidem passear por uma pequena cidade no sul da Toscana, onde embarcam num jogo: durante todo aquele dia vão fingir ser um casal. Contudo, a forma como inventam essa relação é de tal modo convincente que acabam por se tornar um, criando assim a sua própria história de amor. O último filme do realizador iraniano Abbas Kiarostami ("O Sabor da Cereja ", "Através das Oliveiras" "O Vento Levar-nos-á", "Shirin") esteve em competição na última edição do Festival de Cannes, valendo a Juliette Binoche o prémio de melhor actriz.



"É "Cópia Certificada" uma cópia conforme, "made in Italy", do cinema de Kiarostami? O tema da "cópia", e do lugar da cópia na "arte" e na "vida", percorre o filme de diversas maneiras, desde o mote (uma conferência de um historiador de arte, a personagem de Shimmel, sobre cópias e plágios na arte ocidental) à conclusão, quando, idealmente, o espectador já não sabe distinguir se é a "arte" que copia a "vida" se é ao contrário."


"A outra questão interessante - e "oblíqua" - do filme está no facto de ele não mergulhar apenas num universo artístico mas também num universo religioso, numa relação (arte/religião, arte de inspiração religiosa) que em parte define muito daquilo que entendemos por cultura europeia clássica. Kiarostami sai do Irão para se ir instalar no coração do Renascimento: se há coincidência e só coincidência nisto, acredite quem quiser. Porque o que ele evoca é um mundo em que a Arte se equiparou à Religião enquanto linguagem e expressão de uma relação com o mundo e com os seus mistérios. "


Luís Miguel Oliveira, Público


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