quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Privateering de Mark Knopfler

Enquanto parte do mundo está dividido perante o novo disco de Bob Dylan, "Tempest", há um álbum maior que sai na mesma altura vindo de um dos seus assumidos descendentes: "Privateering" de Mark Knopfler. O ex-líder dos Dire Straits é provavelmente o mais americano dos músicos ingleses. Mark Knopfler optou por, a solo, preferir a sonoridade americana mais próxima das raízes. E este álbum duplo, "Privateering", deveria dar-lhe legitimidade para reclamar cidadania norte-americana, mesmo que não tenha nascido ou não viva nas terras de Tio Sam. São razões estritamente musicais. As vinte canções de "Privateering" apresentam um nível médio de qualidade muito acima da média, sem momentos menores. Nesse itinerário americano, há o blues puro e duro, em 'Don't Forget Your Hat', 'Hot or What' ou 'Got to Have Something', com guitarradas slide e pianinho infernizado. É incontornável o country sob o suão das pradarias americanas de 'Privateering'. Ou numa intercepção entre ambos os géneros, dá-se de caras com o bluegrass de 'Bluebird' e de 'After the Bean Stalk'. Vislumbra-se ainda assim alguns compromissos entre o country e o pop-rock na balada 'Seattle'. Em 'Radio City Serenade' e 'Dream of the Drowned Submariner', a americana de Knopfler alarga horizontes para uma sensibilidade mais cinematográfica. Há também ecos da folk britânica em 'Haul Away' ou, num daqueles temas maiores que tudo, 'Kingdom of Gold' - com arsenal típico composto por violino, acordeão ou flauta. E ouvem-se híbridos anglo-americanos como 'Yon Two Crows'. Só em 'Go, Love', o fã de Dire Straits mais zeloso encontra matéria mais reconhecível da sua banda eleita: uma rockalhada comedida com um arrastamento semelhante a 'So Far Away'.



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