quarta-feira, 30 de maio de 2012

Jack White - Blunderbluss


 

Jack White tem qualquer coisa de Quentin Tarantino, no conhecimento enciclopédico da história da sua área, na capacidade de trabalho, na paixão frenética pelo que faz, no impacto no seu tempo e no respeito que tem incutido nos seus colegas de profissão (incluindo nos veteranos). Se os filmes de Tarantino têm mexido com muita gente, os vários actos de Jack White também nunca conseguem passar despercebidos no seu mundo que é o rock & roll. 


Antes de terminar a aventura daquela que foi a sua rampa de lançamento para a imortalidade, os White Stripes, Jack White foi-se desdobrando em mil e um projectos, incluindo os supergrupos Raconteurs e Dead Weather, e as múltiplas produções e colaborações de estúdio. Mesmo que a sua qualidade fosse indesmentível em tudo o que pusesse as mãos, o seu talento parecia ultimamente dispersar-se numa multitude de ramificações que não parecia ter fim. 


Mas agora que chega finalmente aos escaparates o seu álbum de estreia, Jack White parece concentrar-se novamente, e sem cedências, na plenitude das suas potencialidades, fazendo de "Blunderbluss" o melhor e mais eficaz álbum desde o último longo dos White Stripes, "Icky Thump". 


"Blunderbluss" são os White Stripes sem a icónica Meg White. O que Jack White acaba de fazer, mais próximo do seu universo pessoal, é outro livro de estilo do que deve ser a música americana (ou a música a sério), naquele tríptico com rock & roll ao centro, e blues e country nos painéis do lado. Os picos de oscilação são sequenciais e esmagadores. A seguir a uma balada bluegrass ao modo pessoal de White com coros femininos, pode vir sempre novo furacão eléctrico - com guitarra em chinfrineira e vocalizações mais temperamentais - a que apenas sobrevive o piano blues, que não desarma em todo o disco. Das melodias calmas à cowboy de 'Love Interruption' e 'Hip (Eponymous) Poor Boy' ao nervosismo garageiro de 'Sixteen Saltlines' e 'Weep Themselves to Sleep', Jack White passa a música da sua terra a pente fino. 


O morno 2012 acaba de sofrer um esticão qualitativo graças a um dos suspeitos do costume. A música voltou a ser o que interessa: persuasiva, directa, entusiasmante. 

    Track List
1. Missing Pieces 
2. Sixteen Saltines 
3. Freedom at 21
4. Love Interruption
5. Blunderbuss 
6. Hypocritical Kiss 
7. Weep Themselves to Sleep 
8. I'm Shakin'
9. Trash Tongue Talker
10. Hip (Eponymous) Poor Boy
11. I Guess I Should Go to Sleep
12. On and On and On 
13. Take Me with You When You Go

1 comentário:

Man On The Moon disse...

Parece combinado mas não foi... Excelente crítica!