quinta-feira, 17 de maio de 2012

Beach house - Bloom





Beach House 
“Bloom” Bella Union / Coop 
4 / 5


É como se, chegados ao fim de Take Care, o tema que encerra o alinhamento do álbum de 2010 Teen Dream, a música afinal continuasse... E se o fizermos, juntando as canções do novo Bloom à audição desse outro (e magnífico) álbum de há dois anos, sentiremos uma clara continuidade. Como que se em dois anos o disco ganhasse um irmão... quase gémeo. Mas vamos por partes. Revelados em 2006, os Beach Housesão uma dupla com “casa” em Baltimore (no estado norte-americano do Maryland, logo abaixo de Nova Iorque). Eles são Alex Scally e a vocalista Victoria Legrand e, depois de terem encontrado com maior nitidez o azimute que definia seu caminho entre algumas das mais marcantes faixas do álbum de 2008 a que chamaram Devotion, apresentaram em 2010 o marcante Teen Dream, disco que não só se afirmou como uma referencia maior em terreno dream pop como deles fez um dos casos maiores de admiração entre os mais atentos aos espaços da invenção indie. A sua música é luminosa e atraente, mas transporta uma incontornável melancolia. É coisa mais quente que fria. Aconchegada. Elegante e sedutora. As guitarras, que ecoam a memória de texturas mais densas de uns Cocteau Twins, os ambientes que evocam o que poderia ser uma abordagem pop ao ideário de uns This Mortal Coil e uma leveza e encanto na voz que lembra a suavidade de uma Françoise Hardy, encontravam emTeen Dream um encontro ímpar. Um daqueles momentos em que todas as melhores ideias se juntam para criar um daqueles raros instantes em que nada corre mal. Convenhamos que o feito não passou despercebido e os Beach House reforçaram a sua plateia de seguidores. Dois anos depois mostram, em Bloom, pouca vontade em escapar ao clima que encontraram em Teen Dream, a escrita, as guitarras, a voz, as cores e climas, e a própria produção (novamente entregue a Chris Coady) em tudo seguindo as sugestões fixadas pelo disco anterior. O alinhamento (que junta uma faixa escondida no final) define um espaço concreto e não procura pontos de fuga. Mesmo assim, há instantes que se destacam como os que escutamos em Myth (que, tal comoZebra do disco anterior garante uma bela entrada para o disco) ou Wishes (mas isto é o gosto de cada um a falar)... Pode não trazer surpresas nem nenhuma canção que descole das outras para afirmar protagonismo maior. Não acrescenta ideias ao que deles já conhecíamos. Mas é uma bela coleção de canções.

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