quinta-feira, 10 de março de 2011

De Virginia Woolf a Michael Cunningham






Virginia Woolf, aliás, Nicole Kidman

As Horas (2002), de Stephen Daldry 


Ainda o encontro com Michael Cunningham — na FNAC do Chiado. Por um lado, há nele um impulso em direcção a outros escritores — e à escrita de outros escritores — que o leva a inscrevê-los como personagens nos seus livros: Virginia Woolf em As Horas, Walt Whitman em Specimen Days. Por outro lado, tal impulso é apenas um caso particular de um princípio que ele deixou bem claro quando lhe foi perguntado por onde começa os seus romances: as personagens ou a história? As personagens!


Para além das peripécias práticas, ou mesmo logísticas, da escrita de cada livro, há uma consequência conceptual — que é, acima de tudo, uma moral da escrita — que emerge desta postura. A saber: não faz sentido "inventar" personagens apenas para superar problemas decorrentes do desenvolvimento & arquitectura da história que se está a contar. Ou ainda: a personagem tem de ser escolhida — num certo sentido, eleita — pela sua irredutibilidade humana, não pela sua funcionalidade narrativa. Podemos, talvez, a propósito, socorrer-nos de algumas enfáticas palavras de Virginia Woolf:



>>> If you do not tell the truth about yourself, you cannot tell it about other people.


Publicada por João Lopes emhttp://sound--vision.blogspot.com/

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