terça-feira, 18 de maio de 2010

Ian teria hoje 53 anos

Faz hoje exactamente 30 anos que Ian Curtis decidiu deixar o planeta, pelo menos o nosso, pois ele, à sua maneira foi vivendo alternadamente entre os planetas que existiam na sua mente. É figura incontornável e atrevo-me mesmo a dizer que os Joy Division fizeram uma música que mudou o próprio conceito de música. A música servia de exorcismo aos fantasmas que o atormentavam, o conceito de música para ouvir/descontrair deixava de fazer sentido numa Manchester negra. Como era "cool" a depressão, a angústia e o sofrimento. Os New Order fugiram a sete pés mal puderam... é que ali cheirava-se a terra molhada.
Termino com este excerto do Diário de Notícias acerca da data que hoje se relembra:

Passam hoje 30 anos desde que morreu o mítico vocalista dos Joy Division.
É impensável imaginar a cultura pop das últimas três décadas sem a figura de Ian Curtis. Porquê? Só nos últimos dez anos vimos nascer uma série de grupos que certamente não teriam sido os mesmos se, por mero acaso, Curtis nunca se tivesse juntado a Peter Hook, Bernard Sumner e Stephen Morris e formado os Joy Division. Dos Interpol aos Bloc Party, passando pelos Editors, Mount Sims ou The National, todos incorporam claras influências do grupo nascido em Manchester no final dos anos 70.
No entanto o músico só precisou de gravar dois álbuns com os Joy Division para marcar para sempre os caminhos da música popular. Não é por isso de admirar que o tema Love Will Tear Us Apart, o maior sucesso do grupo, se tenha tornado numa das canções que mais vezes foi reinterpretada por outros nomes que não os Joy Division, dos Smashing Pumpkins aos Nouvelle Vague até aos portugueses Moonspell.
Nos últimos anos vimos também um despontar de filmes centrados na figura de Ian Curtis e/ou da banda em que se celebrizou. Em 2008 chegou às salas de cinema o documentário de Grant Gee simplesmente intitulado Joy Division. Como seria de prever, este título faz um percurso pela história dos quatro músicos de Manchester que, segundo reza a lenda, depois de verem um concerto dos Sex Pistols a 4 de Junho de 1976, decidiram formar uma banda. Primeiro com o nome Warsaw (inspirado no tema Warsawa de David Bowie), e mais tarde adoptando o nome Joy Division.
Se o documentário de Grant Gee se foca na história do grupo, já Control (2007), realizado por Anton Corbijn, é concretamente um biopic de Ian Curtis, baseado na biografia escrita pela mulher do músico, intitulada Carícias Distantes (editada em Portugal em 1996 com tradução de Ana Cristina Ferrão). O actor britânico Sam Riley, nascido em 1980, interpretou o músico que se suicidou nesse mesmo ano. Já a história de Anton Corbijn não se faz sem referir os Joy Division, uma vez que o holandês é não só autor de algumas das fotografias mais emblemáticas do grupo, como chegou mesmo a realizar um teledisco para Atmosphere, oito anos depois da morte de Curtis.
O seu suicídio é um daqueles momentos que se tornou lenda na história da cultura pop. Ninguém pode afirmar ao certo as razões que o levaram a tomar essa decisão nas vésperas dos Joy Division iniciarem uma digressão pelos EUA e que significaria também um "salto" para um maior mediatismo. E como várias vezes já aconteceu na história da música popular, foi somente depois da trágica morte do cantor que os Joy Division começaram a ter uma maior projecção global.
Não são raros os casos de músicos que assumem publicamente que não teriam sido os mesmos sem ouvir Ian Curtis. Inclusivamente em Portugal. Basta recordar as palavras de Pedro Oliveira, vocalista da Sétima Legião, que chegou mesmo a dizer: "Ouvi-o (Ian Curtis) cantar e aquilo mudou a minha vida".
A importância que o músico e os Joy Division tiveram na cultura popular, muito pela reinvenção pop de que foram responsáveis, foi claramente registada em 2002 no filme 24 Hour Party People, de Michael Winterbottom. O filme foca-se essencialmente no movimento musical que nasceu em Manchester no final dos anos 70 à volta da editora Factory, e mesmo que os Joy Division só tenham existido até ao dia da morte de Curtis, eles foram dos grandes protagonistas do que então se viveu.


Aqui fica uma ode à saudade. Continuo a ouvir Joy Division e a ficar imóvel perante tal beleza!





1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito do teu comentário inicial do post. É paixão pura pela música. Continua a escrever mais...sobre o que vai aí dentro.

Adorei. O teu blogue é uma visita diária de bom gosto.