sábado, 3 de dezembro de 2011

The Smiths, Complete


Este texto é uma versão editada de um artigo publicado na edição de 25 de Novembro do DN com o título 'O percurso invulgar de uma banda com nome comum'


The Smiths
"Complete"
Rhino
5 / 5
Quatro álbuns de originais, uma mão cheia de singles e um dos mais marcantes (e influentes) fenómenos de culto da história da música popular... Tudo isto aconteceu em apenas cinco anos, transformando um dos nomes mais comuns em língua inglesa (Smith) numa das mais aclamadas carreiras nascidas na década de oitenta. Chamavam-se The Smiths. E, como poucos, souberam captar os sinais do seu tempo numa colecção de canções que, quase 30 anos depois, é ainda exemplo de excelência capaz de, a cada nova geração, cativar novos admiradores. Uma caixa, com a sua discografia editada em álbuns (quatro de originais, três compilações e um disco ao vivo) recorda e arruma a memória da sua obra. Uma música de sonoridade rock, mas feita de canções com alma pop. Um vocalista (Morrissey) com carisma, uma voz única e uma escrita que desenhava retratos realistas mas sob um olhar observador muito pessoal. Um guitarrista (Johnny Marr) com quem Morrissey criou um par criativo de solidez que podemos comparar à da dupla mítica Lennon/McCartney. E com eles uma secção rítmica hábil constituída por Andy Rourke (baixo) e Mike Joyce (bateria). As canções eram de grande simplicidade, a música (onde habitavam referências que vão da memória pop inglesa dos sessentas aos ensinamentos mais recentes de uns Orange Juice, Television, não esquecendo uma admiração maior por David Bowie e Marc Bolan) convivendo com as palavras confessionais que Morrissey vestia com vibrante dramatismo. Num tempo em que as electrónicas haviam desenhado uma ideia de modernidade e uma pose sofisticada tomara a invenção pop, os The Smiths devolveram às guitarras um protagonismo que lhes valeu um reconhecimento de aura quase messiânica. Depois da separação Morrissey encetou carreira a solo. Johnny Marr passou por várias bandas. Mas é por obras de terceiros que reconhecemos quão marcante tem sido o legado dos The Smiths. Se os Blur nasceram motivados por um concerto dos Smiths em 1987, a sua presença revelou-se marcante entre bandas como os The La’s, Suede, Stone Roses ou Happy Mondays ou mesmo os portugueses Rádio Macau. Depois de uma caixa dedicada aos singles, esta nova antologia arruma os álbuns sob uma capa comum. Os discos surgem nas suas versões originais, com as capas devidamente miniaturizadas à dimensão do CD. Uma obra absolutamente essencial, a que aqui se reune!

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