quarta-feira, 7 de março de 2012

The Magnetic Fields, Love At The Bottom of The Sea

Publicada originalmente por Nuno Galopim em sound + vision


3 / 5

Os Magnetic Fields, a mais nutritiva das frentes criativas de Stephin Merritt (que também grava discos através de nomes como os Gothic Archies, The 6ths ou Future Bible Heroes) eram um dos segredos mais bem guardados da música (pop) quando, nos anos 90, lançavam discos como The Wayward Bus (1992), Holyday (1994) ou The Charm of The Highway Strip (1995). E foi preciso esperar por 1999 e pela visão conceptual de 69 Love Songs (um álbum triplo feito de 69 histórias de amor contadas das mais diversas formas e abordagens instrumentais) para que o mundo desse conta do talento (e do muito peculiar sentido de humor) de Stephin Merritt... Daí em diante tudo mudou. Os discos que se sucederam tiveram ampla projeção, as digressões outra visibilidade e houve até mesmo um documentário sobre o músico. Todavia, no período pós-69 Love Songs os Magnetic Fields deram por si entregues a um programa conceptual, através do qual surgiu uma trilogia de discos sem a presença (pelo menos demasiado evidente) dos sintetizadores, ferramenta fundamental na criação das canções da banda nos anos 90. Sucederam-se assim i (2004), Distortion (2008) e Realism (2010), perdendo gradualmente o viço da visão instrumental que era antes a sua imagem de marca e sublinhando cada vez menos vantajosas comparações (inevitáveis, é verdade) com o álbum de 1999 que entretanto acabara coroado como referencia da música dos noventas. E eis que chegamos a 2012 e reencontramos em Love At The Bottom of The Sea os Magnetic Fields de outros tempos. Os sintetizadores estão de volta, mantendo-se a presença das letras espirituosas e geometricamente talhadas ao serviço da muito característica personalidade de Merritt, a sua voz de barítono e o tom de desencanto luminoso que sempre fez escola entre as suas canções. Não se repete a multidão de variações possíveis de 69 Love Songs (naturalmente, que desta vez há apenas 15 e todas elas com menos de três minutos) nem mesmo o alinhamento mostra a mais inspirada das suas coleções de canções. Mas Love At The Bottom Of The Sea é um bom exemplo de como o reencontro com um patamar de conforto pode travar o declínio (que o rumo dos discos anteriores sugeria). E mesmo sem inventar nem propor nada que não tenhamos já escutado (os jogos de sons, a visão crítica do autor sobre o nosso mundo, os seus títulos ou até o tipo de rimas) dá-nos um belo disco de canções pop. E já não é nada mau...

1 comentário:

Man On The Moon disse...

Vou ver se consigo ouvir o disco ainda hoje... Depois replico!
Abraço :)