R.E.M.
“Collapse Into Now”
Warner
2 / 5
Devemos ter em conta uma questão de fundo antes mesmo de começar a ouvir o disco. Que mais podemos pedir a uma banda com 30 anos de vida e que se prepara para nos dar o seu 15º álbum de originais? Não muito mais, de facto, ao longo da sua carreira contando-se mais que uma mão cheia de discos e um valente lote de canções que asseguram já o seu lugar na história, não apenas do rock “independente” norte-americano mas do próprio panorama global da música popular da recta final do século XX. São raras, muito raras mesmo, as discografias de bandas que levam além dos primeiros anos de trabalho a capacidade de marcar o seu tempo com o mesmo fulgor com que, habitualmente, se desenham as estreias e imediatamente posteriores episódios de afirmação de uma linguagem. Os R.E.M. fizeram já mais que a sua conta, tendo, depois de fundamentais álbuns editados nos oitentas, revelado a capacidade em trilhar outras visões em discos lançados nos noventas, da demanda pela canção capaz de cruzar públicos nos dias de Out Of Time ou Automatic For The People ao desafio de novas formas no muito recomendável Up, em 1998... De então para cá assinalaram seguro momento de manutenção em Reveal, deram um tiro ao lado em Around The Sun e reencontraram o viço da música eléctrica que os viu nascer em Accelerate...Collapse Into Now chega três anos depois desse último passo... Mas, como em muitos dos discos lançados depois de Up, apresenta-nos uma nova colecção de canções onde os R.E.M. não fazem muito mais que seguir as heranças de si mesmos, reencontrando talvez um sentido de versatilidade dentro do alinhamento de um mesmo disco como podemos recordar nos dias de Out Of Time. Não falta uma lista de ilustres convidados, de Patti Smith ou Eddie Vedder a Joel Gibb (dos Hidden Cameras) ou Peaches... O que falta mesmo são melhores canções, raros sendo os momentos onde, como acontece em Überlin, o mais-do-mesmo soa, pelo menos, a alguns minutos de R.E.M. “clássico” de melhor inspiração. Collapse Into Now é, no fundo, como uma montra de uma loja com a qual temos antiga e boa relação, mas onde uma nova colecção, apesar da familiaridade, não gera já o mesmo entusiasmo. O que não quer dizer que não continuemos a visitá-la...
Publicada por Nuno Galopim em http://sound--vision.blogspot.com/
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