sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cass McCombs, Wit's End


Cass McCombs
"Wit’s End"
Domino Records
4 / 5
Esperou anos e correu pelas estradas e ruas de cidades norte-americanas até ver o seu nome na capa de um primeiro disco. Não deixou de caminhar e procurar um lugar seu desde então, quer no espaço quer na música. Acabou por reencontrar os caminhos que o levaram de regresso à Califórnia e, disco após disco, uma voz que agora, ao quinto álbum, tem já a solidez de quem há muito deixou de procurar o abc de como se constrói uma personalidade para, através dela, definir agora todo um quadro de retratos e reflexões. Wit’s End é o quinto álbum de Cass McCombs e, talvez, o seu maior feito. A voz e a guitarra acústica partilham o protagonismo que estrutura as canções, mas à sua volta crescem discretos arranjos que, sem nunca ofuscar o diálogo central para palavras e cordas dedilhadas, acabam por conferir uma noção de corpo às canções. São trovas feitas de melancolia e solidão onde Cass McCombs procura trabalhar a escrita sem nunca perder em conta que, na verdade, é a canção que mora no destino do seu esforço criativo. Wit’s End, um pouco como os anteriores discos do músico, não parece destinado a ser daqueles álbuns que colhem entusiasmos transversais para de si fazer os “casos” de cada ano que passa. Mas, mais que nunca, consegue aqui reunir uma espantosa colecção de canções. Que não precisam de querer ser mais do que aquilo que são para justificar um encontro com um belo disco herdeiro de várias heranças da folk (e arredores).




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