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terça-feira, 5 de julho de 2011
Bon Iver - "Bon Iver"
Após uns dias de ausência, infelizmente não pelos melhores motivos, cá estamos de volta.
Bon Iver volta com novo disco, e para quem tinha dúvidas do génio do artista que se intitula de "bom inverno", este disco homónimo tira-as.
Bon Iver
“Bon Iver”
4 AD
5 / 5
São antigas as histórias de músicos que se isolam em pequenos espaços em ambiente rural para, a sós, com um novo mundo à sua volta, encontrarem o caminho que os leva à sua música. Não deve haver história mais célebre de uma “cabana” (era na verdade uma minúscula casa) feita espaço de trabalho de um músico que aquela dentro da qual Mahler passava muitos dos seus dias de Verão, de lá saindo com as partituras de nova sinfonia... É certo que não podemos comparar nem a vida nem a amplitude da escrita de Justin Vernon à de Gustav Mahler. Mas tal como o grande compositor, também ele encontrou o seu caminho numa cabana. Não com os Alpes pela frente. Mas no Wisconsin onde se reinventou e redescobriu no mais minimalista dos climas, apresentando-se ao mundo em 2008 pela via do nome Bon Iver e com as discretas canções do álbum de estreia For Emma, Forever Ago. Esperámos três anos por um novo passo... Mas nem só de silêncios viveu o intervalo, durante esse tempo tendo colaborado com St Vincent, gravado para a compilaçãoo Dark Was The Night e, entre outras agendas, trabalhado com Kanye West em My Beautiful Dark Twisted Fantasy... Bon Iver, o álbum que agora garante o reencontro, traduz este tempo que passou. E em particular um novo sentido cenográfico em canções que, sem perder a autenticidade e melancolia das canções do álbum de estreia, se mostram agora mais elaboradas, revelando um novo interesse pela noção de espaço. Há discretas electrónicas, texturas e cores. Há sintetizadores e auto-tune... E guitarras... Há ecos de visões que poderão ter ganho forma ao lado de Kanye West... Há uma mão cheia de belíssimas canções e uma voz ainda frágil e envolvente. Tudo isto para, em conjunto, fazer de Bon Iver um disco que mostra como ainda há novos caminhos possíveis a partir das genéticas da folk. E que é, desde já, um dos grandes momentos discográficos de 2011.
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