Quase ignorados anos a fio, só em 2008, com a edição do seu quarto álbum, a que deram o título You & Me, os The Walkmen viram a atenção de uma multidão a bater-lhes à porta. Uma multidão que neles reconhecia, um pouco como acontecera aos The National (que também só mereceram aclamação generalizada com Boxer), importantes herdeiros de um cânone central à identidade indie rock (que remonta aos Velvet Underground como genética primordial no campo da revolução das formas e às importantes contribuições dos Joy Division como novos horizontes de um certo desencanto urbano). Dois anos depois, e com um álbum que mostra na capa o nome de Lisboa (cidade que desde You & Me os acolhe com entusiasmo), os The Walkmen mantém seguro o seu caminho, a eventual tensão que os alimentava noutros tempos tendo entretanto cedido lugar à assimilação de uma melancolia que agora se expressa na forma de canções. Melancolia é talvez a palavra chave ao encontrar as canções que constituem o alinhamento de Lisbon. Musicalmente não há necessariamente “Lisboa” (pelo menos nas suas marcas de identdade para guia turístico) por estas canções, a melancolia que domina o alinhamento sendo expressa através não apenas das palavras que se cantam, mas também por canções onde as guitarras e voz desenham baladas de vistas largas, a reverberação da electricidade dialogando com trompetes (e outros metais) e cordas. Não é daqueles discos que mudam uma vida ou fazem os acontecimentos maiores do seu tempo. Lisbon é mais um competente álbum por uma banda que parece definitivamente ter encontrado o seu caminho e, num ano em que as melhores ideias indie têm morado longe da música feita com guitarras, um bálsmo para os seguidores do género.
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