«Oceania» não é a catástrofe naturalmente anunciada após o tormento que foi o concerto no Rock In Rio. Billy Corgan renega o exterior e revê o legado em regime assumido de auto-citação.
Os Smashing Pumpkins são Billy Corgan, tal como Matt Johnson era os The The e Robert Smith os The Cure. A constatação é óbvia mas essencial para se perceber que «Oceania» é um álbum a solo de um figurão com um ego tão cheio quanto a distorção das guitarras dos Black Sabbath, rezingão e descontente com o rumo da cultura pop.
A raiva que tem transmitido nas entrevistas - a mais recente vítima foram os Radiohead fulanizados no anti-virtuoso Jonny Greenwood - está todinha numa colecção de canções que sumariza a matéria dada desde que os Smashing Pumpkins ainda eram uma banda e não apenas um ministério apenas com assessores e sem secretários de estado.
«Oceania» é um disco tipicamente reaccionário mas em relação ao exterior porque Corgan continua crente na sua religião de rock´n´roll lato em que cabe o psicadelismo dos Grateful Dead, a grandiosidade dos Cult e a neura dos Cure. Mas não nos iludamos, Corgan vive em circuito fechado, renega o presente e os compromissos impostos por uma cultura pop mais voltada para a viralidade que para solos crispados de guitarra.
A azia acumulada apontava para uma catástrofe mas «Oceania» é, apesar de todos as condições impostas por uma personalidade angustiada, um disco, pelo menos, superior ao anterior e irrelevante «Zeitgeist». Desta vez, pelo menos, não deixam cair os parentes de discografia na lama. O irmão mais novo pode já não nascer com a ambição de um «Siamese Dream» ou de um «Mellon Collie and The Infinite Sadness» mas, se comparado, não envergonha.
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