Retirado na integra do site:http://www.omelete.com.br/cine/100023817/Critica__Atividade_Paranormal.aspx
Não há muito o que falar de Atividade Paranormal (Paranormal Activity) como cinema. Realizado supostamente com ínfimos 15 mil dólares, o longa-metragem mais se assemelha a um vídeo caseiro de Youtube e incorpora a câmera de baixa qualidade, a iluminação tosca e os diálogos cotidianos em sua narrativa.
Diferente de um Distrito 9 ou Cloverfield, porém, que pegam esprestado a estética home made e a incham com efeitos especiais de primeira - usando a técnica em prol do realismo -, o paupérrimo Atividade Paranormal precisou se virar como pode, basicamente com insinuações e truques de câmera e áudio. É exatamente o que outro fenômeno de público, A Bruxa de Blair, já havia feito igualzinho dez anos atrás, em 1999.
O filme de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez funcionou por ser totalmente inesperado. A criação do estreante Oren Peli funciona porque ninguém se lembra mais direito de Bruxa de Blair (ou nem viu - os adolescentes de hoje eram crianças na época). As semelhanças entre os dois filmes, afinal, são gritantes demais para que Atividade Paranormal seja alardeado como o "terror da década", como exageram alguns. Para que a novidade perca força é só perceber, lá pela metade, que toda a tensão, toda a insinuação, não chegarão a lugar algum.
De qualquer maneira, o longa tem seus méritos. Quando surge, lá pela metade, um átomo de dramaturgia, com a chegada do estudioso de fenômenos paranormais (Mark Fredrichs), a história do casal assombrado por uma entidade fica mais interessante. O sujeito, afinal, é melhor ator que Katie Featherston e Micah Sloat, que vivem as estressadas vítimas do maligno gasparzinho.
As insinuações e o formato de vídeo amador, que o diretor emprega para justificar seu parco orçamento, são interessantes também aproximar o espectador do casal e Peli é feliz ao substituir cada pirotecnia ausente com ideias razoáveis - emplacando dois ou três bons sustos no meio. Afinal, fisicamente, seu monstro, se resume a pegadas em uma camada de talco e isso fez 120 milhões de dólares só nos Estados Unidos. A Johnson & Johnson deve estar orgulhosa.
Mas o cineasta estreante não merece créditos sozinho. Quando a Paramount Pictures comprou os direitos de distribuição nos Estados Unidos reeditou o filme, adicionou cenas novas, inverteu sequências e criou um novo final, devidamente aprovado em inúmeras sessões com audiências-teste. E contou com o apadrinhamento de ninguém menos que Steven Spielberg, que encontrou tempo até para viralizar o filme, dizendo que a porta de seu quarto foi inexplicavemente trancada pela "cópia assombrada" de Atividade Paranormal.
Esse orçamento todo, obviamente, deve ter superado os miseráveis 15 mil do longa original, 10 minutos maior, exibido apenas em festivais de cinema de gênero. O filme, aliás, já circulava esses eventos desde 2007 e apesar de ter agradado os fãs, ficou muito, muito longe do alarde que recebeu depois, com o apoio da máquina hollywoodiana.
É como na própria trama: quanto mais atenção você gera para o invisível incômodo, mais poderoso ele se torna. O demônio de Atividade Paranormal não é outro senão o do marketing.
Não há muito o que falar de Atividade Paranormal (Paranormal Activity) como cinema. Realizado supostamente com ínfimos 15 mil dólares, o longa-metragem mais se assemelha a um vídeo caseiro de Youtube e incorpora a câmera de baixa qualidade, a iluminação tosca e os diálogos cotidianos em sua narrativa.
Diferente de um Distrito 9 ou Cloverfield, porém, que pegam esprestado a estética home made e a incham com efeitos especiais de primeira - usando a técnica em prol do realismo -, o paupérrimo Atividade Paranormal precisou se virar como pode, basicamente com insinuações e truques de câmera e áudio. É exatamente o que outro fenômeno de público, A Bruxa de Blair, já havia feito igualzinho dez anos atrás, em 1999.
O filme de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez funcionou por ser totalmente inesperado. A criação do estreante Oren Peli funciona porque ninguém se lembra mais direito de Bruxa de Blair (ou nem viu - os adolescentes de hoje eram crianças na época). As semelhanças entre os dois filmes, afinal, são gritantes demais para que Atividade Paranormal seja alardeado como o "terror da década", como exageram alguns. Para que a novidade perca força é só perceber, lá pela metade, que toda a tensão, toda a insinuação, não chegarão a lugar algum.
De qualquer maneira, o longa tem seus méritos. Quando surge, lá pela metade, um átomo de dramaturgia, com a chegada do estudioso de fenômenos paranormais (Mark Fredrichs), a história do casal assombrado por uma entidade fica mais interessante. O sujeito, afinal, é melhor ator que Katie Featherston e Micah Sloat, que vivem as estressadas vítimas do maligno gasparzinho.
As insinuações e o formato de vídeo amador, que o diretor emprega para justificar seu parco orçamento, são interessantes também aproximar o espectador do casal e Peli é feliz ao substituir cada pirotecnia ausente com ideias razoáveis - emplacando dois ou três bons sustos no meio. Afinal, fisicamente, seu monstro, se resume a pegadas em uma camada de talco e isso fez 120 milhões de dólares só nos Estados Unidos. A Johnson & Johnson deve estar orgulhosa.
Mas o cineasta estreante não merece créditos sozinho. Quando a Paramount Pictures comprou os direitos de distribuição nos Estados Unidos reeditou o filme, adicionou cenas novas, inverteu sequências e criou um novo final, devidamente aprovado em inúmeras sessões com audiências-teste. E contou com o apadrinhamento de ninguém menos que Steven Spielberg, que encontrou tempo até para viralizar o filme, dizendo que a porta de seu quarto foi inexplicavemente trancada pela "cópia assombrada" de Atividade Paranormal.
Esse orçamento todo, obviamente, deve ter superado os miseráveis 15 mil do longa original, 10 minutos maior, exibido apenas em festivais de cinema de gênero. O filme, aliás, já circulava esses eventos desde 2007 e apesar de ter agradado os fãs, ficou muito, muito longe do alarde que recebeu depois, com o apoio da máquina hollywoodiana.
É como na própria trama: quanto mais atenção você gera para o invisível incômodo, mais poderoso ele se torna. O demônio de Atividade Paranormal não é outro senão o do marketing.
Let's look at the trailer...
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