Paris exibe rolo de papel de 36 metros onde romance de Jack Kerouac foi datilografado; Cannes mostrará adaptação de Walter Salles
A primeira versão do romance "On the Road" ("Pé na Estrada", no Brasil), de Jack Kerouac, escrito em um rolo de telex de 36 metros de comprimento e 22 centímetros de largura, foi apresentada nesta segunda-feira (14) em Paris, por conta da exibição no Festival de Cannes de "Na Estrada", adaptação dirigida pelo brasileiro Walter Salles.
"A epopeia, da escrita para a tela" é o título da exposição que será aberta ao público francês na quarta-feira e seguirá até 19 de agosto. Na mostra, o Museu de Letras e Manuscritos celebra o escritor norte-americano, cujo romance é considerado o manifesto da geração Beat.
"Na realidade, trata-se de folhas de telex presas e adaptadas ao tamanho da máquina de escrever", explicou à Agência Efe a curadora da exposição, Estelle Gaudry. Ela acredita que, longe de buscar a transgressão, a intenção de Kerouac era datilografar rápido, sem perder energia criativa.
O resultado foi um único parágrafo de 320 páginas e 125 mil palavras, sem margens nem capítulos, escrito em apenas 20 dias. Um mês após acabá-lo, em maio de 1951, o escritor disse que ao desenrolar o manuscrito pelo chão do quarto, achou o resultado parecido com uma estrada.
"On the Road", no entanto, vai além de sua condição de mero diário da viagem de Kerouac pelos Estados Unidos e México junto a seu amigo, o também escritor Neal Cassidy, no início dos anos 1950a. "A obra abraça a literatura de poetas americanos, como Whitman e Blake, de clássicos franceses como Proust e Balzac, ou de literatos russos", disse Estelle.
O livro narra a aventura de dois jovens, Sal Paradise e Dean Moriarty, versões fictícias de Kerouac e Cassady, na busca de novas experiências. A obra se transformou em um símbolo para muitas gerações e foi traduzida no mundo inteiro – a exposição apresenta capas do livro em dezenas de idiomas.
"'On the Road' é fruto da anotação rigorosa de quatro anos de aventuras e conversas", acrescentou Estelle. Para a curadora, Kerouac soube falar aos jovens e traduzir as ânsias de uma geração, além de descobrir o que ocorria fora de seu entorno e fugir do conformismo dessa época.
O manuscrito foi comprado por US$ 2,5 milhões em maio de 2001 por Jim Irsay, proprietário da equipe de futebol americano Colts, de Indianápolis (EUA).
A exposição pretende apresentar a vida de Kerouac, seu amor pela literatura, seus encontros, e finalmente, uma prévia do filme de Walter Salles.
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