Publicado originalmente em Sound+vision
O candidato a ser o pior filme do ano - ou seja, Rock Of Ages, de Adam Shankman - é uma das mais constrangedoras tentativas alguma vez feitas em busca de uma possível renovação do modelo do musical... Mas com os ingredientes musicais mais dispensáveis da era pós-Glee, uma carteira de canções que lembra o pior do rock FM americano (e periferias) dos oitentas e noventas (do inenarrável I Want To Know What Love Is dos Foreigner ao não menos recomendável Wanted Dead or Alive dos Bon Jovi, de More Than Words dos Extreme a We Built This City dos Starship) e uma narrativa onde não podiam caber mais lugares comuns... Está lá a loirinha campónia que chega à cidade com uma mão cheia de sonhos, o rapazito que acredita que terá sorte na música, a conservadora e retrógrada mázinha que na parece esconder qualquer coisa, o manager oportunista que não olha a meios, a estrela desgastada transformada num farrapo do que em tempos foi e o clube de rock que está nas lonas e depende do “tal” concerto para salvar as finanças... E de repente está quase tudo contado e escutado. Dá pena ver atores como Tom Cruise, Alec Baldwin ou Paul Giamatti em tamanha dieta de desafios (e apenas Mary J Blige parece dar conta do recado)...
Os resultados péssimos de box office desta adaptação ao cinema de uma ideia nascida nos palcos, servem contudo para tirar, pelo menos, duas conclusões: que nem todas as ideias feitas ao jeito de uma receita funcionam e o sucesso do modelo Gleenão se confunde em nada com o universo rock’n’roll (fação nostalgia) que aqui se tenta revisitar.
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