Se evocarmos a história dos melhores momentos que a música popular conheceu nos anos 90 o nome de Neil Hannon será inevitável presença e com uma espantosa mão cheia de grandes discos e grandes canções, traduzindo o saldo de uma década que nele afirmou uma das mais interessantes figuras “pop” do fim de século… Hannon conta hoje com mais de vinte anos de carreira e Bang Goes The Knighthood é o décimo álbum que edita como The Divine Comedy. Estamos todavia já longe desse fim de século que conheceu em discos como A Short Album About Love (1997) e Fin de Siècle (1998) a definitiva concretização de uma ideia pop teatral, de pompa por vezes sinfonista, veículo de um sentido de humor cortante, no mais clássico sentido “brit”… Os anos zero não foram tão favoráveis a Hannon, pelo menos a bordo dos Divine Comedy, as suas melhores gravações da segunda década de trabalho surgindo em colaborações (com Yann Tiersenn ou o colecvtivo God Help The Girl) ou numa aventura pop sobre o cricket, de que foi co-protagonista, no projecto The Duckworth Lewis Method. O seu álbum anterior como Divine Comedy, Victory For The Comic Muse (2006) representou inclusivamente um tropeção maior, nunca antes imaginado… Bang Goes The Knighthood (que assinala a estreia do grupo na sua própra editora) recupera alguns pontos, num alinhamento com as características clássicas da música de Divine Comedy, da grandiosidade de uma música com alma de drama e palco à voz pungente de Hannon, não esquecendo o humor de sempre (que se escuta, por exemplo, no retrato que serve em The Complete Banker). Não está ao nível dos discos do tal fim de século inesquecível. Mas ao menos não desilude tanto como o fez em alguns títulos mais recentes…
Sem comentários:
Enviar um comentário