Foi há quase quarenta anos que, graças ao belíssimo A Última Sessão/The Last Picture Show (1971), dirigido por Peter Bogdanovich, Jeff Bridges obteve a sua primeira nomeação para os Oscars (na categoria de melhor actor secundário). Que agora consiga, finalmente, uma estatueta [foto] com Crazy Heart, eis o que diz bem das componentes afectivas que estas coisas podem envolver: com maiores ou menores contradições, os Oscars são também a expressão de uma comunidade tecida por muitas ligações e cumplicidades. Bridges, independentemente dos méritos do seu trabalho — num filme que, segundo informação veiculada recentemente, poderá, no mercado português, ter lançamento directo em DVD —, emergiu também como uma escolha resultante dessa teia de afectos.Em boa verdade, Bridges foi um dos símbolos de uma cerimónia que, desde a intervenção inicial de Steve Martin e Alec Baldwin, fez questão em celebrar as singularidades dos actores. A certa altura, o ecrã foi mesmo invadido por algumas entidades digitais provenientes do planeta Pandora, de Avatar, e Martin anulou-as com spray... Não que se trate de demonizar a tecnologia, seja ela qual for (e só quem se satisfaz com manqueísmos poderá julgar que Estado de Guerra é outra coisa que não um objecto de enorme sofisticação tecnológica). Acontece que não é possível conceber o comércio e a indústria dos filmes sem os rostos, os corpos e as auras dos actores.
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