Em 2006 o espantoso Silent Shout tirou a dupla sueca The Knife de uma condição de quase anonimato em que, ao terceiro disco, ainda viviam. O álbum revelou significativas mudanças na música da dupla de irmãos que constitui o grupo, propondo uma pop electrónica sombria, cinematográfica, num diálogo de raro entendimento entre o humano e o digital, entre os universos da música popular e os da arte conceptual, ideia amplificada depois na “experiência visual” que os acompanhou em palco e acabou documentada no disco (e DVD) ao vivo que editaram algum tempo mais tarde. E a seguir fez-se silêncio. Na verdade os Manos Olof e Karin têm trabalhado num projecto que verá a luz do dia mais para a frente, ainda este ano: uma ópera inspirada pela figura de Charles Darwin (Tomorrow In a Year, com estreia agendada para Novembro, em Copenhaga). Karin Andersson, a voz do grupo, colaborou entretanto com os Royksopp e dEUS. E entre o trabalho com o irmão para a ópera “darwinista” encontrou tempo para criar um conjunto coeso de canções, que agora edita como Fever Ray. O álbum, na verdade, é um descendente directo de Silent Shout, refreando o todavia desejo de manipular a voz e travando eventuais ímpetos rítmicos. É um disco igualmente assombrado, de melodismo em diálogo com as cenografias, à voz cabendo um protagonismo narrativo em histórias de solidão. Canções envolventes, apesar da atmosfera gélida que traduzem. Canções que caminham lentas, ganham familiaridade, libertam fantasmas, e criam gradual empatia com o ouvinte, num degelo que reconforta. ouvir: MySpace
Publicada por Nuno Galopim em : http://sound--vision.blogspot.com/
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