sábado, 4 de dezembro de 2010

One man show









Primeiro a Grécia… Depois a Irlanda… E, a seguir…”… Apontando o dedo à plateia, ciente de que todos sabiam bem do que estava a falar, Neil Hannon fez de possíveis próximos episódios neste cenário de crise (que moram cada vez mais próximos no horizonte de todos nós) um entre os muitos instantes de informal e bem-humorado clima que dominou os seus concertos nesta sua mais recente passagem por Lisboa, enchendo em duas noites consecutivas o Teatro Maria Matos. Apenas acompanhado por um piano, que a instantes trocava por uma guitarra acústica, despiu as canções à sua essência, a absoluta eficácia do concerto resultando da soma inteligente de já conhecidos dotes de entertainer (todavia nunca tão presentes em actuações com banda) e uma arte na composição que, era também já sabido, faz dos Divine Comedy um dos nomes maiores nascidos na música dos noventas.




Entre as canções do álbum mais recente (que ganharam, em alguns casos, mais interessante expressão no formato apresentado) e “clássicos” que evocaram sobretudo os discos de meados dos noventas (entre Casanova e o magistral Fin de Siècle), Neil Hannon voltou a confirmar uma boa relação com o palco, a encenação minimalista que o acompanhou aproximando-nos mais do ambiente menos distante de um piano bar que do registo habitual em concertos pop/rock. Chamou alguém para contar uma piada, qual maestro dirigiu plateia de palmas, assobios e estalidos de dedos nas canções que pediam acompanhamento. E surpreendeu tudo e todos com uma espantosa versão de Don’t You Want Me, dos Human League.










Foi bom vê-lo em tempos com banda (em Paredes de Coura, no CCB, no Coliseu…), seria um sonho poder encontrá-lo num palco perto de nós frente a uma orquestra (o registo ‘live’ no Sheppards Bush em meados dos noventas garante que seria experiência inesquecível), mas desta vez, com um piano, uma guitarra e, num momento apenas, a companhia em palco de Cathy Davey (que assinara antes a primeira parte), mostrou como o menos por vezes pode valer mais. E quando regressar, poucos dos presentes faltarão a nova chamada…





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