segunda-feira, 22 de novembro de 2010

The Walkmen em Portugal



Os The Walkmen estiveram cá na semana passada para a apresentação de Lisbon, o seu novo trabalho.

Sei que vou um pouco atrasado mas lá diz o ditado...mais vale tarde que nunca...

Contando com um ambiente muito caloroso e receptivo, os Walkmen abriram a contenda com o mais sereno e poético 'While I Shovel The Snow' (uma das canções novas). 'In the New Year' (do álbum "You & Me") foi o pequeno fósforo que faltava para o barril de pólvora explodir (positivamente) depois. As cadeiras, que preenchiam a plateia, foram subitamente transformadas no utensílio mais ignóbil do mundo. 'Angela Surf City' e o tema mais popular do grupo, 'The Rat', prolongam a descarga eléctrica e mantêm toda a sala de pé.


Se fechássemos os olhos naqueles momentos, pensaríamos que era Bob Dylan que estava a cantar numa banda de garage-rock. Mas não, é Hamilton Leithauser, de fato (sem o casaco de cabedal de há dois anos no Teatro Tivoli), que mesmo não se separando do suporte de microfone, no qual se vai apoiando enquanto canta, lá vai conciliando simpatia, humildade e discrição com atributos vocais que envaidecem qualquer banda rock.


Toda o quinteto é, de resto, empolgante. Para o som do galope, muito contribui a acção impressionante do baterista Matt Barrick que chega a pegar numa das baquetas com se fosse uma folha, batendo violentamente nos bombos com a mesma, e fazendo-o com pinta. A intervenção teclada do organista Walter Martin eleva o som dos Walkmen para o plano de eleitos, numa linhagem musical nobre onde os acordes da guitarra eléctrica de Paul Maroon encaixam às mil maravilhas.






Mesmo as melodias mais calmas, que devolvem os espectadores às suas cadeiras, são coléricas- a tempestade está sempre iminente em temas como 'Victory' e 'On the Water'. Minutos mais à frente, Hamilton Leithauser classificou uma das novas, 'Woe Is Me', como a canção mais triste da banda, mas essa definição devia recair sobre 'Lisbon' (triste mas não tristonha) que os Walkmen também tocaram.


Depois, veio o momento da noite com o quase religioso 'All Hands and the Cook'. O furacão vocal de Leithauser atinge o cume, e a vibração hipnótica da guitarra de Maroon ajuda a fazer dos Walkmen um acontecimento, nem que seja por apenas 5 minutos.






O encore de três músicas conclui um concerto de classe que soube a pouco (uma hora e vinte minutos de actuação que deixou poucos com vontade de regressar a casa mais cedo).


Nota positiva para a primeira parte dos indie rockers lisboetas Golpes, que vêm demonstrando uma cada vez maior segurança e dinamismo em palco.




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